Cristãos e religiosos de quase todas as fés e até mesmo ateus, se uniram em torno do respeito e homenagens à figura de um dos mais populares líderes da Igreja Católica nos últimos tempos – o Papa Francisco – falecido aos 88 anos, na última segunda-feira (21). O fato mostra a magnitude do respeito mundial ao pontífice, conqusitado ao longo de 12 anos de papado por sua conduta de humildade, concilciação e, em especial, proximidade com as populações, não somente os católicos
Leia aqui a nota oficial da CUT sobre a morte do Papa
Nascido Jorge Maria Bergoglio, na Argentina, ele deixa extamente esse legado - de humildade, proximidade com os segmentos minoritários da sociedade e de defesa da vida e do meio ambiente, condutas que, de certo modo, o diferenciam de seus antecessores.
Francisco revolucionou a Igreja Católica ao acolher homossexuais, as mães solteiras e adotar um novo estilo mais simples de encontro ao povo, sem ostentações, criticar o sistema econômico que gera exclusão e desigualdade, entre outras ‘façanhas’ – ações que foram criticadas pelas alas conservadores e extremistas de direita na sociedade, inclusive no Brasil.
Fato é que Francisco foi um homem progressista, que defendeu as minorias e, como Jesus Cristo, esteve, realmente, ao lado dos mais vulneráveis. Ele rompeu com tradições e trouxe uma nova visão pastoral e social para a Igreja Católica.
Suas falas, gestos e documentos demonstraram uma postura mais aberta, inclusiva e comprometida com a dignidade humana.
Veja abaixo 10 condutas que mostram por que ele é considerado um papa progressista:
- Compromisso com o meio ambiente - Em 2015, publicou a Encíclica Laudato Si’, um dos textos mais contundentes da Igreja em defesa da ecologia, em que denuncia a destruição ambiental e o impacto nas populações mais pobres. Reconhece a crise climática como um problema ético e moral.
- Abertura ao povo LGBTQIA+ - Com falas como "Quem sou eu para julgar?", o papa demonstrou acolhida a pessoas LGBTQIA+. Ele defendeu a criação de leis de união civil para casais homoafetivos e recebeu pessoas trans no Vaticano, reafirmando sua dignidade.
- Críticas ao sistema econômico que gera desigualdade - Francisco denuncia a "economia que mata" e defendeu um novo modelo baseado na solidariedade. Ele é um dos principais incentivadores da chamada "economia de Francisco", voltada para a justiça social.
- Acolhida a famílias não tradicionais - Defendeu que a Igreja deve acolher casais divorciados e recasados, considerando suas histórias e buscando o discernimento individual, sem condenação generalizada.
- Diálogo inter-religioso e construção da paz - Promoveu encontros históricos com líderes de outras religiões, como o Islã, judaísmo e religiões africanas, reforçando a fraternidade e o respeito entre os povos.
- Crítica à pena de morte - Reformou o Catecismo da Igreja para declarar a pena de morte inadmissível em todas as situações, defendendo sempre a vida e a dignidade humana.
- Incentivo à escuta do povo na Igreja - Com o processo do Sínodo da Sinodalidade, promoveu uma Igreja mais participativa, ouvindo leigos, mulheres, jovens, povos indígenas e pessoas afastadas da religião.
- Valorização das mulheres na Igreja - Nomeou mulheres para cargos estratégicos no Vaticano e incentivou o estudo do diaconato feminino, buscando maior igualdade na participação das mulheres.
- Defesa firme dos migrantes e refugiados - Visitou campos de refugiados, denunciou políticas xenofóbicas e afirmou: "Negar abrigo a um migrante é negar a Cristo".
- Combate aos abusos sexuais e à cultura de silêncio - Avançou nas investigações e punições de casos de abuso sexual na Igreja, cobrando responsabilidade da hierarquia e implementando normas mais rígidas.
Com tudo isso, o Papa Francisco mostrou que é possível viver a fé cristã com compromisso social, acolhimento e coragem para mudar. Seu pontificado inspira uma Igreja mais humana, próxima e transformadora.
Francisco revolucionou a Igreja por dentro, não mudando doutrinas centrais, mas mudando prioridades, linguagens e atitudes.
Ele trouxe de volta o foco no Evangelho vivido: pobreza, compaixão, justiça, escuta, inclusão.
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Jesus e Francisco
Crucificado como subversivo, Jesus de Nazaré desafiou o sistema político, religioso e econômico do seu tempo. Hoje seu nome ainda inspira lutas por justiça, igualdade e amor radical, apesar de distorções pregadas por fundamentalistas radicais. Ficou ao lado dos pobres, andava com marginalizados, comia com pecadores, tocava leprosos e defendia os oprimidos.
Dois mil anos depois, a Igreja Católica se reergueu após crises que envolviam corrupção, escândalos sexuais entre outros fatos, por meio de um homem cujo papado durou 12 anos, e durante todo esse período sua atuação foi a mais próxima do que pregou e de como viveu Jesus Cristo.