Notícia - Encontro com embaixador chinês abre oportunidades para metalúrgicos cutistas

Para melhorar as relações de trabalho nas empresas chinesas instaladas no Brasil, a embaixada da China em nosso país se comprometeu a criar um seminário envolvendo o governo chinês, o governo brasileiro, empresários chineses e representantes dos trabalhadores de ambos países para aprimorar os processos de negociações e criar um canal de diálogo permanente que respeite as culturas brasileira e chinesa.

Além do seminário, os chineses se interessaram em estabelecer parcerias com o movimento sindical brasileiro para formação técnica de trabalhadores e também desenvolver projetos envolvendo sindicalistas, empresários e o Ministério da Igualdade Racial para cursos a respeito do racismo dentro do ambiente laboral.

O compromisso foi firmado em encontro da comitiva de dirigentes da CNM/CUT com o embaixador chinês Zhu Qingqiao, no dia 16 de março, em Brasília.

“A agenda com o embaixador chinês foi muito importante, pois pudemos discutir a questão das relações de trabalho, do trabalho decente e do respeito à cultura e legislação de China e Brasil. Teremos agora uma agenda para discutir melhor as relações de trabalho das empresas chinesas no Brasil”, afirmou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, presente no encontro com Qingqiao.

Loricardo lembrou do momento crítico nas relações comerciais no mundo, com a imposição de tarifas exorbitantes de importação dos Estados Unidos sobre a China, e que isso abre oportunidade para nações de fora dessa briga. “A China está sendo atacada veementemente pelos Estados Unidos nesta questão comercial e nós precisamos ter uma resistência no sul global, precisamos garantir a liberdade e a democracia, por isso foi estratégica essa conversa na embaixada da China”.

Um dos articuladores do encontro em Brasília, o presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, pontua que esse tipo de encontro tem impacto direto na vida do trabalhador e da trabalhadora que está no chão de fábrica.

“Essa relação vai ajudar principalmente os trabalhadores e trabalhadoras nas empresas chinesas, que vão ter oportunidade de dialogar sobre a relação de trabalho e avançar nessa relação, pois a ideia é reforçar que vai ter o impacto direto na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras no momento que estabeleceu a relação e abrir negociação com essas empresas”, afirmou Aroaldo.

 

Mais investimentos, alinhados com interesse nacional

Além de aprimorar as relações de trabalho com as empresas chinesas, a Confederação avalia que é necessário atrair mais investimentos ao Brasil, estimular a instalação de mais fábricas aqui e garantir empregos de qualidade aos trabalhadores.

“Estreitar os laços com a China pode ser estratégico, desde que esse relacionamento esteja alinhado com o interesse nacional e com a valorização da indústria local”, afirmou o coordenador dos Segmentos Industriais da CNM/CUT, Juarez Estevam Ribeiro.

Juarez disse que os sindicalistas levaram ao conhecimento do embaixador a preocupação com o atual modelo de relação comercial entre os dois países, que privilegia a importação de produtos prontos, fabricados na China, enquanto o Brasil perde oportunidades de gerar empregos de qualidade aqui.

“Queremos mais do que comércio, queremos desenvolvimento industrial, geração de empregos e valorização da mão de obra brasileira. Defendemos que as indústrias chinesas que atuam ou venham a atuar no Brasil estabeleçam operações produtivas em solo nacional, com respeito às leis trabalhistas, aos direitos dos trabalhadores e compromisso com o desenvolvimento local”, concluiu Juarez.

 

Resolver os problemas no chão de fábrica

Na avaliação da secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Aparecida dos Santos, existem muitas dificuldades nas negociações com as empresas chinesas no país e a agenda com a embaixada vem em um bom momento para melhorar a interlocução com o setor patronal e garantir direitos aos trabalhadores no Brasil.

“Se a gente conseguir manter esse diálogo que foi proposto no encontro com o embaixador, eu acredito que a gente vá conseguir melhorar as relações de trabalho no chão de fábrica. Por exemplo, nas negociações que a gente faz com as empresas chinesas instaladas aqui é muito difícil a conversa na mesa de negociação. Por isso eles precisam entender a legislação e os costumes aqui do Brasil, da mesma forma que a gente também precisa aprender os costumes deles”, disse Christiane.

No que diz respeito à formação profissional, os chineses se interessaram em estabelecer parcerias com escolas de formação que os metalúrgicos cutistas têm no país, como a Escola Técnica Mesquita, em Porto Alegre (RS), e a Escola Dona Lindu, em Diadema (SP).

“Nós, enquanto CNM/CUT, nos dispomos a participar desse projeto de formação de trabalhadores, usando a estrutura das escolas que temos. A gente quer poder daqui a pouco em vez do investimento ir lá para uma cidade distante ou ir pro sistema S, a gente quer que venha o investimento para o movimento sindical, esse investimento que a gente consiga através das nossas escolas qualificar os trabalhadores”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, Adriano Souza Filippetto.

 

Igualdade Racial e Relações Exteriores

Antes do encontro com o embaixador Zhu Qingqiao, os dirigentes da Confederação foram ao Ministério da Igualdade Racial, onde se encontraram com a diretora de Articulação Interfederativa da Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SENAPIR), Isadora Bispo dos Santos. A conversa tratou de projetos conjuntos entre a CNM/CUT e o Ministério, envolvendo a luta contra o racismo no local de trabalho e entrando em contrato também com a pauta debatida no encontro com o embaixador chinês.

“Foi um encontro para a gente fortalecer a nossa relação com o Ministério e aprofundar mais a discussão sobre o que a gente já tinha discutido virtualmente, que é a apresentação  de um projeto de lei que vai ser construído e apresentado futuramente, construído entre CNM/CUT e Ministério da Igualdade Racial. Ficamos também sabendo de outros projetos da pasta em Brasília e estamos vendo como a Confederação pode ser inserida dentro dessas iniciativas. Por exemplo, casas de acolhimento para pessoas negras vítimas de racismo e violência no ambiente de trabalho, no ambiente escolar, enfim. Foi aberto um canal de conversa e podemos trabalhar com o Ministério daqui pra frente”, explicou a secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Aparecida dos Santos.

Outra agenda em Brasília foi no Ministério das Relações Exteriores, onde ocorreu um encontro com o Embaixador Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel, diretor do Departamento de Política Comercial da Secretaria de Assuntos Econômicos e Financeiros, e com o ministro de carreira diplomática João Carlos Parkinson de Castro, coordenador de Assuntos Econômicos Latino Americano e Caribenho do Ministério. 

A pauta das conversas foi a agenda da China e a estratégia do Brasil para a indústria brasileira nas relações com o país asiático. “Tiramos de encaminhamento voltar futuramente ao Ministério das Relações Exteriores para trabalharmos agendas comuns”, completou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira.

 

 


Fonte:  Redação CNM/CUT - 23/04/2025


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