“O que aconteceu em Cherne 1 poderia ter sido evitado. São vidas colocadas em risco por negligência e falta de planejamento. Não podemos permitir que a falta de investimento em manutenção e segurança faça com que as unidades sejam espaços de vulnerabilidade para os trabalhadores.” A afirmação é de Sérgio Borges, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), em relação ao incêndio — seguido de explosão — que ocorreu na manhã desta segunda-feira (21), na plataforma Cherne 1 (PCH-1), na Bacia de Campos, deixando pelo menos 32 vítimas.
“Foram atendidas 32 pessoas, sendo 14 por queimaduras e os demais por inalação de fumaça. Dez permanecem internadas e uma está em estado grave, com queimaduras severas, segundo informações recebidas pela FUP e Sindipetro-NF”, informa Borges. O acidente ocorreu em uma unidade que está desde 2020 sem produzir, mas continua recebendo gás de outras plataformas e faz o bombeamento.
Os trabalhadores relataram que o fogo teria começado em uma das áreas abaixo do casario, espaço de convivência da tripulação, e por sorte não havia ninguém no local da explosão. A causa do acidente será apurada.
A FUP alerta para a urgência de uma política que assegure investimentos contínuos em manutenção, segurança e infraestrutura nas plataformas. Além de reduzir riscos, um programa que assegure a integridade das instalações pode também movimentar a indústria nacional, fortalecendo cadeias produtivas relacionadas à manutenção, segurança industrial e reaproveitamento de materiais, gerando empregos e desenvolvimento sustentável.
A Federação exige da Petrobrás medidas imediatas para garantir a integridade dos trabalhadores, a apuração rigorosa do ocorrido e a implementação urgente de políticas que priorizem a vida, a segurança e a responsabilidade com o patrimônio público e ambiental.
Apesar do posicionamento da FUP contra a privatização, a plataforma em questão foi vendida para a empresa britânica Perenco, operadora do setor de óleo e gás. A negociação já foi concluída há algum tempo e, atualmente, a Petrobrás está na fase de closing do contrato – etapa final do processo de venda, que envolve a transição formal de serviços e responsabilidades operacionais.
Empregados da Petrobrás e da Perenco estão embarcados conjuntamente na unidade, promovendo a transferência de conhecimento necessária para que a Perenco assuma gradualmente a operação e a manutenção da plataforma.