Em meio a uma das mais longas greves da história recente do país, os trabalhadores da Avibras, empresa em recuperação judicial localizada em Jacareí (SP), enfrentam uma situação extrema: são 25 meses sem receber salários! Após mais de dois anos, os operários se mantêm em luta por seus direitos, mas enfrentam severas dificuldades para manter suas famílias.
Diante desse cenário dramático, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, em mais uma iniciativa junto aos trabalhadores, lançou uma campanha de solidariedade para a criação de um Fundo de Greve. O objetivo é arrecadar recursos financeiros para a compra de cestas básicas e itens de primeira necessidade para os trabalhadores.
Segundo informou o Sindicato, até o momento, as prefeituras de Caçapava e Jacareí atenderam à reivindicação feita pelos operários com doações de alimentos, mas a Prefeitura de São José dos Campos — onde vive a maioria dos trabalhadores — não prestou nenhum tipo de apoio.
“O que está em jogo é a vida e a dignidade de pais e mães de família que estão resistindo há mais de dois anos sem salário. A Avibras segue omissa, sem oferecer qualquer solução concreta, e o governo federal também segue devendo uma ação contundente em defesa dos trabalhadores”, denuncia Weller Gonçalves, presidente do Sindicato.
O futuro da Avibras
Principal indústria bélica do país, a Avibras está em recuperação judicial e acumula uma dívida estimada em R$ 1,5 bilhão. Seus credores incluem o governo federal e o BNDES.
Em crise desde 2022, a empresa atravessa um processo de tentativa de aquisição por parte do grupo Brasil Crédito Gestão Fundo de Investimento e Direitos Creditórios. No entanto, a proposta do grupo, apresentada em assembleia de credores nesta terça-feira (13), gerou críticas e foi rejeitada pelo Sindicato por não reconhecer obrigações trabalhistas anteriores, à exceção de salários e multas por atrasos. Mesmo esses valores seriam pagos em até 48 parcelas mensais.
Em assembleia virtual realizada no último dia 12, os trabalhadores aprovaram o pedido de suspensão da Assembleia Geral de Credores, pelo Sindicato. A próxima assembleia foi marcada para o dia 26/5.
O Sindicato exige que um acordo coletivo com os trabalhadores seja firmado antes da aprovação de qualquer plano de retomada da produção.
Ainda de acordo com a entidade, além do grupo Brasil Crédito, a Avibras também mantém negociações com a empresa saudita Black Storm Military Industries, e, pela primeira vez desde o início da crise, o proprietário da Avibras, João Brasil Carvalho Leite, reuniu-se com representantes do Sindicato e participou da assembleia de credores.
Em ofício, João Brasil citou a possibilidade de diálogo direto entre a Black Storm e o Sindicato.
“Não confiamos em nada que venha da atual direção da empresa. Todas as decisões do Sindicato são tomadas com participação democrática dos trabalhadores. Seguiremos firmes na luta para garantir cada salário e cada direito”, reforçou Weller Gonçalves.
O Sindicato também defende que, diante da importância estratégica da empresa, o governo Lula deveria intervir com a estatização da Avibras. Na ausência dessa medida, cobra ao menos subsídios para que a produção seja retomada e os trabalhadores finalmente recebam o que lhes é devido.
Como ajudar
A campanha de arrecadação do Fundo de Greve já está ativa e depende da solidariedade de sindicatos, movimentos populares, entidades e da sociedade em geral.
A forte e corajosa luta dos trabalhadores da Avibras incentiva a mais ampla solidariedade de classe. Uma solidariedade que, além de necessária, é urgente.
Contamos com a solidariedade ativa dos sindicatos, entidades e movimentos filiados à nossa Central, nessa jornada em defesa da vida e da dignidade de nossa classe.
As doações podem ser feitas por PIX, de acordo com os dados abaixo:
Chave PIX (CNPJ): 07887926001323
Beneficiário: Central Sindical e Popular Conlutas
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