Notícia - José Dirceu e Aroaldo Silva debatem cenário político e política industrial na Plenária da FEM-CUT/SP

José Dirceu e Aroaldo Silva foram os destaques da tarde no segundo dia da 9ª Plenária da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP). Cada um apresentou um painel com importantes temas sobre o contexto político, mercado de trabalho no Brasil, política industrial e transição energética trazendo contribuição para os debates realizados pelos dirigentes nos três dias de atividade.

José Dirceu falou da sua trajetória como trabalho e político, especialmente da luta contra a Ditadura Militar. Ele lembrou que a classe trabalhadora brasileira viveu grandes períodos sob ditadura, sem direitos ou liberdades, destacando a importância da Constituição de 1988, conquistada após mais de 20 anos do regime militar.

“A grande vitória da classe trabalhadora, que temos que dar valor, é a Constituição de 88, que é um grande pacto que nos devolveu a democracia e garantiu um estado nacional, independência e soberania, além de estabelecer que uma parcela da riqueza do Brasil deveria ser devolvida ao povo”, afirmou.

José Dirceu também falou dos ataques sofridos pelo Partido dos Trabalhadores, pela esquerda e pela classe trabalhadora desde 2013. “Todos os ataques, desde o mensalão até a Lava Jato, tinham intenção de nos eliminar do cenário político, mesmo assim, ganhamos cinco eleições. Não se vê essa força em nenhum lugar do mundo”.

O político enfatizou que o mundo mudou radicalmente a partir de 2016, com profundas mudanças, como automação e a precarização do mercado de trabalho, com o surgimento do trabalho por aplicativo. Além disso, sob o governo de Michel Temer, a Reforma Trabalhista foi um grande golpe na classe trabalhadora.

“Tivemos, ainda, mudanças maiores, com o surgimento da extrema direita, a volta das guerras, do ódio, uma verdadeira quebra do pacto democrático. E a grande tragédia do Brasil são os juros. Qualquer financiamento penaliza o trabalhador, se ele paga juros, a renda dele cai pela metade”, enfatizou ele.

José Dirceu abordou o momento atual do Brasil, com investimentos importantes do governo Lula, que construiu a PEC da Transição, reativou os programas sociais, recuperou os empregos e renda, além de buscar avanços na isenção do imposto de renda e nos tributos.

Político elogiou e destacou a importância da plenária. “Isso que vocês estão fazendo aqui é isso, de refletir, avaliar e construir caminhos para luta é de fundamental importância”.

 

Política industrial e transição energética

O presidente da Agência de Desenvolvimento do ABC e da IndustriALL Brasil, Aroaldo Silva, destacou a importância de uma política industrial estruturada e integrada às demandas sociais e ambientais do país. Segundo ele, discutir a transição energética nas fábricas é tão essencial quanto cobrar políticas públicas.

“Estamos num momento decisivo de retomada do debate sobre política industrial, agora sob o guarda-chuva do Novo Programa de Industrialização Brasileira (NIB), que vai além do Ministério da Indústria. Falar sobre ferrovias, infraestrutura urbana, transporte ou cadeias produtivas é também discutir política industrial”, afirmou.

Aroaldo pontuou que o Brasil vive uma nova oportunidade de reindustrialização, após um processo de desindustrialização precoce. Ele relembrou que, em 1985, a indústria de transformação representava 25% do PIB, proporção que hoje gira em torno de 10%. Mesmo assim, o setor ainda é responsável por 24,7% do PIB total, 21% do emprego formal e mais de 68% das exportações de bens e serviços em 2024.

“O que está em jogo é o modelo de desenvolvimento do país. Estamos no meio de uma revolução tecnológica e industrial, com temas como inteligência artificial, data centers, proteção de dados e transformação digital. Precisamos pensar em como essas mudanças afetam os empregos, a saúde dos trabalhadores e a organização das cadeias produtivas”, explicou.

Ele também chamou atenção para os desafios e as oportunidades da transição energética, lembrando que o Brasil tem uma matriz energética mais limpa que a média global — com 45% de energia renovável, contra 15% no mundo — e grande potencial para liderar essa agenda. “Temos litoral para investir em energia eólica, potencial para desenvolver tecnologias próprias em hidrogênio verde, biocombustíveis e diesel renovável. Mas precisamos definir: vamos produzir tecnologia aqui ou seremos apenas exportadores de commodities?”, questionou.

Aroaldo criticou a política de isenção de impostos sobre importações de equipamentos de energia promovida no governo anterior, que, segundo ele, abriu espaço para a dominação chinesa no setor de energia eólica, ao invés de fortalecer a indústria nacional.

Por fim, defendeu uma transição energética justa. “Não adianta preservar o planeta e avançar na tecnologia se a população estiver passando fome. Precisamos inserir o mundo do trabalho nesse novo modelo de desenvolvimento, com políticas de qualificação, saúde do trabalhador e distribuição de renda. Essa é a grande missão do movimento sindical”, concluiu.


Fonte:  FEM-CUT/SP / Foto: Adonis Guerra/SMABC - 16/05/2025

 

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