Notícia - Faixa de Gaza vive massacre sem precedentes. Metalúrgicos do ABC denunciam genocídio contra povo palestino

A ofensiva na Faixa de Gaza atingiu um novo patamar de gravidade em maio, com o número de palestinos mortos ultrapassando 53 mil, incluindo 16.500 crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde da região. Do lado israelense, são mais de 1,2 mil vítimas desde o início da escalada, em 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino Hamas realizou ataques em território israelense.

O conflito, um dos mais longos e complexos do mundo, é marcado por desproporcionalidade, violações de direitos humanos e uma crise humanitária sem precedentes. A situação levou entidades sindicais, movimentos sociais e organizações internacionais a se posicionarem contra o massacre, entre elas, os Metalúrgicos do ABC, que denunciam abertamente o genocídio em curso.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, fez um pronunciamento contundente sobre o cenário na Faixa de Gaza. “É assustador o que estamos presenciando. Todos os dias, acompanhamos a morte de milhares de crianças, mulheres e idosos, vítimas dos constantes bombardeios israelenses. É inaceitável imaginar crianças passando fome porque Israel impede a entrada de ajuda humanitária, bloqueando alimentos, remédios e suprimentos para quem mais precisa.”

“A guerra é a pior barbárie que pode existir na história da humanidade. E, mesmo nas guerras, existem regras, como a proibição de ataques a escolas, hospitais e civis. O que vemos hoje em Gaza é exatamente o contrário: um massacre, uma violência sem limites contra uma população indefesa”, completou.

 

Barbárie

O dirigente também criticou duramente a tentativa de Israel justificar os ataques com o argumento de combate ao Hamas. “Isso não corresponde aos fatos. O que está acontecendo é uma agressão desumana e injustificável contra o povo palestino. E o mais grave: Israel, que já sofreu tanto na sua história, deveria ser o primeiro a não reproduzir esse tipo de opressão.”

Os Metalúrgicos do ABC, segundo Moisés, condenam de forma veemente a barbárie na Faixa de Gaza e defendem o reconhecimento do Estado Palestino, com soberania e garantias estabelecidas pela ONU. “Se há crimes cometidos pelo Hamas, que sejam responsabilizados os culpados, e não toda uma população. Civis, crianças e famílias não podem pagar com a vida por ações de grupos específicos. Isso é inadmissível”, reforçou.

Moisés alertou ainda para o papel dos governos aliados de Israel, como os Estados Unidos, e figuras como Donald Trump, que, segundo ele, fomentam o ódio e a violência. “Não dá mais para olhar isso com indiferença. Não dá mais para ficar calado. É preciso reagir, se posicionar e gritar: chega de massacre na Faixa de Gaza. Chega de genocídio contra o povo palestino”.


Raízes históricas e a escalada da crise em Gaza

O conflito entre israelenses e palestinos tem origem na divisão da Palestina, então sob domínio britânico, em 1947, quando a ONU propôs a criação de dois Estados — um judeu e outro árabe-palestino. A fundação do Estado de Israel, em 1948, resultou na Nakba (‘catástrofe’, em árabe), com o deslocamento forçado de 750 mil palestinos, dando início a décadas de ocupação, resistência e violência.

Hoje, mais de 2,2 milhões de palestinos vivem na Faixa de Gaza, sob bloqueio aéreo, terrestre e marítimo imposto por Israel e, em parte, pelo Egito, desde 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território. Segundo a ONU, 80% da população depende de ajuda humanitária, enquanto o desemprego ultrapassa 45%, em meio ao colapso dos serviços básicos.

Os principais fatores que perpetuam o conflito são: a ocupação e expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, contrariando resoluções da ONU; o bloqueio total de Gaza, que restringe alimentos, remédios e combustível; o fracasso do processo de paz, paralisado desde 2014; além das operações militares de Israel e os lançamentos de foguetes pelo Hamas, que frequentemente vitimam civis. Também pesam as disputas religiosas e territoriais, sobretudo em torno da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém.


Retomada da ofensiva

Em 18 de março, Israel retomou os ataques contra Gaza, rompendo o cessar-fogo iniciado em 19 de janeiro. O acordo previa uma fase inicial de 42 dias, na qual Israel deveria se retirar de Gaza e encerrar a guerra em troca da libertação dos reféns vivos pelo Hamas.

Israel, no entanto, rejeitou esses termos, exigindo a libertação dos reféns sem garantir o fim dos bombardeios nem a retirada de suas tropas. As negociações, que deveriam avançar a partir de 3 de fevereiro, foram ignoradas por Tel Aviv, levando ao colapso das conversas. Desde então, os militares israelenses anunciaram “ataques extensivos contra alvos do Hamas” e ordenaram que milhares de palestinos deixassem suas casas, ampliando ainda mais a crise humanitária.

 

Imprensa internacional

No último dia 3 de maio, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mais de 50 organizações de mídia de diversos países divulgaram um comunicado exigindo o fim do que denominaram ‘genocídio de Israel em Gaza’. No documento, prestam homenagem aos jornalistas palestinos mortos e destacam que a liberdade de imprensa não pode existir enquanto o genocídio continua e profissionais da comunicação são alvo de ataques.

A declaração ressalta que, desde o início da ofensiva, dezenas de milhares de civis, principalmente crianças, mulheres e idosos, foram mortos, e que a destruição sistemática da infraestrutura de Gaza, o bloqueio e a fome forçada configuram um projeto deliberado de eliminação. O comunicado também denuncia a censura de conteúdos pró-palestinos em plataformas digitais e o assassinato de mais de 200 jornalistas, tornando este o conflito mais letal para a imprensa no século XXI.



 


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos do ABC / Foto: Divulgação - 29/05/2025

 

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