Notícia - 600 trabalhadores da saúde são demitidos do HPS de Canoas sem aviso prévio

Após concluir um plantão de 12 horas, a enfermeira Thatiane Fragoso recebeu, na noite de quarta-feira (4), por meio de uma mensagem no celular, a notícia de que ela e outros colegas do Hospital Pronto Socorro de Canoas estavam demitidos. Um grupo de funcionários desligados se reúnem em frente à instituição para protestar na manhã desta quinta-feira (5). O SindisaúdeRS estava presente no local, junto aos trabalhadores e organizado para participar de uma reunião de mediação com o prefeito, para garantir os dirteitos dos trabalhadores da saúde.

Após a reunião, ficou estabelecido o compromisso do município em realizar o pagamento dos salários no dia de amanhã e o pagamento das verbas rescisórias. "Mas teremos que estar juntos nas decisões através de uma comissão." explicou o o presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jensien, que acompanhou a mobilização na tarde desta quinta.

Conseguimos o compromisso do município de pagarem os salários no dia de amanhã e o pagamento das verbas rescisórias. Mas teremos que estar juntos nas decisões através de uma comissão.

— A gente recebeu a notificação de que estávamos todos na rua, demitidos, via  WhatsApp. Acabei saindo do plantão após 12 horas, às 20h, e recebi a comunicação 21h30min nos grupos do próprio hospital que a gente tem. Retornei até o hospital, onde já estava instaurado o caos — relata a profissional da saúde.

A enfermeira Carla Otto foi mais uma dos cerca de 600 funcionários afetados pelas demissões. Ela, que estava de plantão no período da noite, relatou que a situação no hospital já estava difícil havia algum tempo.

— A gente vestiu a camiseta até agora, porque muitas vezes a gente não tinha insumos, faltava muito material, inclusive material de higiene, papel higiênico. Na retaguarda a gente tem 23 leitos, onde a gente pegava e assumia quase 60 leitos. Ontem (quarta) a gente estava com 45 leitos, sala de medicação lotada — conta.

Carla questionou a forma como os funcionários foram demitidos, que ela classificou como "traumática":

— Eles demitiram todos nós, praticamente, tá? Por que eles usaram esta forma de demissão? Eles poderiam ter feito de outra forma, menos agressiva, menos traumática para todos nós que estamos aqui.

As duas enfermeiras se uniram a outros funcionários para protestar em frente ao Hospital Nossa Senhora das Graças, também no município, onde está alocado o Hospital Pronto Socorro de Canoas desde a enchente de maio do ano passado.

As demissões foram motivadas pelo fim do termo de colaboração com o Instituto Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS) e com a  Secretaria Municipal de Saúde de Canoas, feito na quarta-feira. A entidade era responsável pela gestão do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas. Conforme a prefeitura, a extinção decorre da não prorrogação do termo, que venceu em 27 de março deste ano.

De acordo com os funcionários, entre 500 e 600 pessoas foram demitidas. O número não foi confirmado, mas estima-se que foram todos, considerando equipes médicas e também administrativas.

A equipe do Nossa Senhora das Graças assumiu os atendimentos. Segundo a diretora do hospital, Daniela Oliveira, o quadro é suficiente.

Parte dos funcionários do Hospital Pronto Socorro de Canoas demitidos permaneceram no plantão durante a noite com a expectativa de que haja possibilidade de recontratação e que eles sejam absorvidos pelo Graças.

— O Hospital Nossas Senhoras das Graças não tem como saber quantos funcionários estavam atuando (no HPS). O secretário deu a informação de que eram em torno de 500 pessoas. Só que eu quero deixar claro que essas 500 pessoas não são da assistência, não são enfermeiros, técnicos e médicos. São administrativos também, que o Hospital Nossa Senhora das Graças já tem nas equipes. Se separar a assistência e operação do administrativo, não são 500 pessoas que deixam de dar assistência à população — disse Daniela em entrevista à Rádio Gaúcha.


Fonte:  GZH | Editado por: CUT-RS / Foto: Lucas Abati / Agência RBS - 06/06/2025

 

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