Notícia - Metalúrgicos vão à luta por 11% de reajuste salarial

Com boa participação dos metalúrgicos, a categoria deu largada na Campanha Salarial 2025. Os trabalhadores definiram, em três assembleias gerais, nesta quinta-feira (26), a pauta de reivindicações da categoria. A luta será por 11% de reajuste, fim da escala 6x1, estabilidade no emprego e revogação das reformas trabalhista e previdenciária. As assembleias aconteceram na sede do Sindicato, em três horários (10h, 15h e 17h30). Participaram metalúrgicos de 27 fábricas.

A Campanha Salarial é o período em que o Sindicato leva para os grupos patronais as reivindicações dos trabalhadores. Além das cláusulas econômicas, estarão no centro das negociações as cláusulas sociais com os direitos da categoria.

Desde a promulgação da reforma trabalhista, as convenções e os acordos coletivos têm de ser renovados a cada ano para que permaneçam em vigor. Sem a renovação, ficam valendo apenas os direitos previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Aqui entra uma reivindicação dos metalúrgicos a ser levada para Brasília: a revogação de todas as reformas que comprometem os direitos dos trabalhadores.

A entrega da pauta para os grupos patronais acontecerá a partir de segunda-feira (30).

 

Inflação

Na pauta das reivindicações de caráter econômico, está o aumento real de salário. E não é para menos. Nos últimos 12 meses, a alta do custo de vida vem comprometendo o orçamento dos trabalhadores. Basta ir ao supermercado para sentir quanto o preço dos alimentos está pesando no bolso. Em 12 meses (até abril de 2025), a inflação dos alimentos foi de 7,76%, mas este número não reflete a realidade. O café, por exemplo, acumulou alta de 65,74%; e a carne bovina, 28,66%.

A projeção para o período que antecede a data-base da categoria (setembro de 2024 a agosto de 2025) é de que a inflação fique entre 4% e 4,5%. Considerando a necessidade de aplicar aumento real aos salários, os metalúrgicos reivindicam um total de 11% de reajuste.

 

Produtividade

A pauta econômica da Campanha Salarial foi baseada na produtividade das fábricas, ou seja, o quanto cada trabalhador produziu em riqueza para as empresas. Nesse quesito, a Embraer chama a atenção.  A produtividade da fábrica aumentou 37,7% em 2024. Isso significa que os metalúrgicos trabalharam mais e a empresa gastou menos para produzir.

Os dados econômicos foram apresentados, nas assembleias, pela pesquisadora do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), Ana Paula Santana.


Redução da jornada e revogação de reformas

Os metalúrgicos também darão continuidade à luta pelo fim da escala de trabalho 6x1 (seis dias de trabalho e um dia de folga). Uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) neste sentido está em tramitação no Congresso Nacional, mas é preciso que os parlamentares sejam pressionados pelos trabalhadores. Sem mobilização e pressão, dificilmente a proposta será aprovada.

 

Estabilidade no emprego

Ano após ano, um número expressivo de metalúrgicos são desligados e contratados na região. Esse quadro revela a necessidade da luta pela estabilidade no emprego. Segundo o Ilaese, a alta rotatividade nas fábricas leva à substituição de quase um terço da categoria e ao rebaixamento da média salarial. Por isso, é fundamental a luta pela estabilidade no emprego.

“A Campanha Salarial é o principal momento de luta coletiva da categoria. É quando colocamos em discussão o reajuste salarial e a renovação e ampliação de direitos. Vamos mostrar que os patrões ganharam muito e pagaram pouco pelo nosso trabalho. Mais uma vez, faremos uma Campanha Salarial com os metalúrgicos unidos e organizados contra qualquer tentativa de retirada de direitos”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.

Pauta de reivindicações aprovada:

  • reajuste salarial de 11%;
  • estabilidade no emprego;
  • fim da escala 6x1;
  • redução da jornada sem redução de salário;
  • revogação das reformas trabalhista e previdenciária.


Pauta das mulheres


Além de defender as reivindicações da categoria metalúrgica como um todo, o Sindicato vai levar para as mesas de negociação uma pauta específica das mulheres, que inclui, por exemplo:

  • licença remunerada para mulheres e pessoas LGBT+ que forem vítimas de violência doméstica ou social;
  • postos compatíveis para mulheres no período de gestação;
  • auxílio-creche de um piso salarial para filhos com zero a seis anos de idade;
  • sala de amamentação;
  • ajuda de custo para pais de filhos com necessidades especiais.


Contribuição assistencial

Para manter a estrutura necessária à luta dos metalúrgicos, o Sindicato depende de recursos vindos dos próprios trabalhadores, principalmente por meio das mensalidades dos sócios e da contribuição assistencial. Aqui não entra dinheiro dos patrões nem do governo, o que garante a independência da entidade.

Na assembleia, os metalúrgicos aprovaram o percentual da contribuição assistencial da categoria, ficando 1% para sócios e 5% para não sócios, em caso de celebração de convenções e acordos coletivos na Campanha Salarial.

Na assembleia, também foi aberto o direito de oposição, conforme edital publicado.


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos / Foto: Roosevelt Cássio - 27/06/2025

 

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