O secretário-geral da ONU participou da 17ª Cúpula do Brics, o grupo que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, além de outras nações parceiras. O evento, encerrado nesta segunda-feira, não contou com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, nem do líder chinês, Xi-Jinping.
António Guterres discursou em duas sessões. A primeira abordou o Fortalecimento do Multilateralismo, dos Assuntos Econômico-Financeiros e da Inteligência Artificial, IA. A segunda foi sobre Meio Ambiente, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, e Saúde Global.
“Desequilíbrios profundos”
Ao se dirigir aos líderes do bloco, Guterres revelou que em breve irá apresentar um relatório delineando opções inovadoras de financiamento voluntário para apoiar a capacitação em IA nos países em desenvolvimento. Ele pediu o apoio dos Brics nesse esforço.
O líder da ONU disse que para que essa tecnologia beneficie a todos e seja governada de forma justa, é preciso “confrontar desequilíbrios estruturais mais profundos no sistema global”.
Para o secretário-geral, o mundo atravessa hoje uma era multipolar, onde “as relações de poder estão mudando”.
Ele defendeu uma governança multilateral, com instituições globais adaptadas aos novos tempos, em particular o Conselho de Segurança e a arquitetura financeira internacional.
“Cooperação é a maior inovação da humanidade”
Guterres enfatizou que a mensagem da Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento, realizada na semana passada em Sevilha, foi clara: Garantir que os países em desenvolvimento tenham maior participação na governança econômica global e em suas instituições.
O chefe das Nações Unidas pediu ação para implementar um mecanismo eficaz de reestruturação da dívida. Outra medida importante é triplicar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento, com financiamento concessional e em moedas locais.
Guterres declarou que em um momento em que o multilateralismo está sendo prejudicado, é preciso lembrar que “a cooperação é a maior inovação da humanidade”.
Declaração política dos Brics
Ao falar do conflito em Gaza, ele pediu paz começando por um cessar-fogo imediato e permanente e a libertação imediata e incondicional de reféns. O secretário-geral também apelou para o fim de conflitos na Ucrânia, Sudão, República Democrática do Congo, Somália, Região do Sahel e Mianmar.
O Brics adotou uma declaração política, de 126 pontos, que reafirma o compromisso com o multilateralismo e a defesa do direito internacional, incluindo os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas.
O texto menciona a adoção, no ano passado, do Pacto do Futuro, incluindo seus dois anexos, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre as Gerações Futuras.
O Encontro de Cúpula termina nesta terça-feira. Em 2026, o bloco será liderado pela Índia, que ocupará a presidência rotativa do Brics.