Notícia - Dia da Luta Operária é marcado por memória, resistência e denúncia contra retrocessos

Na última quarta-feira, 9 de julho, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizou, ao lado de outras centrais sindicais, um ato marcante em homenagem ao Dia da Luta Operária. O evento, que ocorreu em São Paulo, foi repleto de homenagens emocionantes, discursos potentes e o compromisso renovado com os direitos da classe trabalhadora.

A data foi instituída pela Lei Municipal nº 16.634/2017, em memória à Greve Geral de 1917, marco histórico da luta da classe operária brasileira. Desde 2019, as principais centrais sindicais do país — CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central, Pública, CSP-Conlutas, Intersindical Central da Classe Trabalhadora e Intersindical Instrumento de Luta — promovem o ato unificado para relembrar a trajetória de luta e prestar homenagem a trabalhadoras e trabalhadores que dedicaram suas vidas à causa sindical.

Este ano, o evento teve como temas centrais:

  • 40 anos da Campanha Salarial Unitária, que resultou na redução da jornada de trabalho;

  • 70 anos de fundação do DIEESE, referência na produção de conhecimento sobre o mundo do trabalho.

O evento também contou com o apoio do Centro de Memória Sindical, Instituto Astrojildo Pereira, IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas), Oboré Projetos Especiais e do mandato do deputado estadual Antonio Donato, um dos idealizadores da data.

Homenagens e emoção

Entre os homenageados, destaque para Ronaldo Ferreira Martins, carteiro, ex-presidente do SINTECT-RJ e dirigente nacional dos Correios, falecido em 2021. Sua esposa, Ester Martins, prestou um depoimento comovente:

“Sei que o trabalho de carteiro e de líder sindical o deixou muito feliz e realizado. No dia 7 de junho de 2021 ele partiu, e apesar das Escrituras dizerem que há tempo de nascer e tempo de morrer, ainda é difícil aceitar. Um dia, a morte chega — sem sabermos quando, onde ou como. O homem é semelhante à vaidade; seus dias como a sombra que passa (Salmos 144:4). Obrigada a todos.”

O secretário-geral da CTB, Ronaldo Leite, destacou o papel histórico do dirigente:

“Ronaldo Ferreira Martins foi dirigente nacional dos Correios, atuou no Rio de Janeiro e dedicou toda a sua vida a essa luta. Liderou as principais greves e mobilizações da categoria que levaram aos Correios serem uma das categorias mais combativas do Brasil. Ronaldo falece em 2021 vítima da Covid, que infelizmente seifou mais de 700 mil vidas, mas Ronaldo, com sua irreverência e pela sua liderança nos Correios, permanece na memória dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios. Por isso, a CTB e o conjunto das centrais sindicais, neste 9 de julho, Dia da Luta Operária de 2025, rendem homenagens a Ronaldão e a outros líderes, homens e mulheres, que lutaram em defesa do povo.”

A homenagem foi acompanhada por Marcos Sant’Aguida, presidente do SINTECT-RJ, que destacou a presença de dirigentes da base:

“Então, pessoal, é com muito prazer que cinco diretores do SINTECT-RJ se dirigiram hoje à sede da CTB. Por volta das dez horas, ocorreu a homenagem das centrais, com diversas lideranças presentes. A CTB homenageou o nosso ex-presidente Ronaldo Ferreira Martins, que deixou um legado de luta para todos nós. Também veio conosco sua esposa, Ester, a quem o companheiro Ronaldo Leite, secretário-geral da CTB, entregou uma placa em memória do nosso querido Ronaldão Ferreira Martins.”

Rose Leodoro, secretária-geral do sindicato, reforçou a dimensão humana e política do homenageado:

“Para mim, a importância dessa homenagem é porque o Ronaldão era uma pessoa muito querida. Além de ser uma pessoa firme, combativa, era alguém muito preocupado não só com os interesses coletivos, mas também com cada trabalhador individualmente. Ele se preocupava com o pessoal, com as dificuldades de cada um. Foi uma referência não só para os trabalhadores dos Correios no Rio de Janeiro, mas para sindicatos de todas as categorias a nível nacional. Essa homenagem foi muito justa. Ronaldão vai continuar sendo aquele companheiro presente para todos nós — ele nunca vai morrer.”

Luta viva e denúncia

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, fez um discurso contundente ao longo do evento. Ele destacou a importância da data como espaço de memória e resistência, denunciando também a crescente violência contra a juventude negra nas periferias:

“Se nós não contarmos a nossa história, dificilmente seremos lembrados. Essa data simboliza um marco da nossa resistência. Os sindicatos devem ser a voz dos que não têm voz. Vivemos uma tentativa de cancelamento da luta social. Mas o movimento sindical segue vivo, em nome dos que tombaram.”

Em sua fala, Adilson se referiu diretamente ao assassinato de Guilherme Dias Santos Ferreira, jovem negro de 26 anos, executado por um policial militar na Zona Sul de São Paulo no dia 4 de julho.

“Confesso que não consegui sequer dormir. Há uma investida contra a nossa juventude, sobretudo a juventude negra e periférica. O jovem Guilherme foi executado pela polícia do governo Tarcísio de Freitas. Em comparação com maio do ano passado, os homicídios aumentaram 36% em São Paulo. Precisamos elevar o tom com radicalidade consequente. Essa política simboliza o retrocesso, o atraso e a repressão. Por isso, repito aqui: Guilherme Ferreira, presente!

Unidade e compromisso com o futuro

O ato do Dia da Luta Operária de 2025 consolidou-se como um momento simbólico de reafirmação da luta por justiça social, democracia e dignidade. A CTB agradeceu a presença de todas e todos que ajudaram a construir esse momento histórico:

“Seguiremos em frente com a certeza de que a luta por direitos e por um Brasil menos desigual continua mais viva do que nunca.”


Fonte:  CTB - 11/07/2025

 

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