Notícia - Não podemos ser artificiais, e sim inteligentes: Ricardo Patah propõe ação global da CSI no L20 sobre impactos da IA no trabalho

Na terça-feira, 29 de julho, durante os debates do L20 (Grupo dos Trabalhadores do G20), realizado na cidade de George, África do Sul, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, fez uma intervenção contundente no painel que discutiu os impactos da inteligência artificial sobre o mundo do trabalho.

O L20 reúne lideranças sindicais das maiores economias do mundo, como forma de levar a voz dos trabalhadores ao G20 — fórum das principais nações econômicas. Em 2025, o evento teve como um de seus temas centrais o avanço da inteligência artificial e as consequências que essa transformação tecnológica pode trazer para o emprego, a renda e os direitos trabalhistas.

Durante sua fala, Patah lembrou que, ao longo da história, a humanidade já enfrentou diversas revoluções tecnológicas que provocaram rupturas no mundo do trabalho. “Passamos pela revolução industrial, pela chegada dos computadores, pelas plataformas digitais. Em todos esses momentos, disseram que o emprego iria acabar. E em todos esses momentos, resistimos e nos reinventamos”, pontuou.

No entanto, segundo o presidente da UGT, o avanço da inteligência artificial apresenta um novo desafio, mais complexo e mais veloz. “Agora é diferente. A inteligência artificial tem a capacidade de substituir o trabalho humano até mesmo em áreas antes consideradas protegidas, como a educação, o jornalismo, o direito, a medicina. Mas, apesar da mudança de cenário, o enfrentamento precisa seguir o mesmo princípio: proteger o trabalho e os trabalhadores”, afirmou.

Diante desse cenário, Patah defendeu que a Confederação Sindical Internacional (CSI) lidere a criação de um grupo de estudo permanente, com representantes dos países-membros, para mapear as transformações em curso, identificar os setores mais impactados e propor medidas concretas e coordenadas internacionalmente.

“A inteligência artificial está avançando em velocidades diferentes nos países. Mas a precarização, o desemprego tecnológico e a perda de direitos são ameaças globais. Precisamos conhecer a situação em cada região e, a partir disso, estabelecer uma agenda comum. Uma resposta conjunta da classe trabalhadora internacional”, propôs.

Com um tom crítico e ao mesmo tempo inspirador, Patah resumiu sua visão com uma frase que ecoou entre os presentes: “Não podemos ser artificiais, e sim inteligentes”. Para ele, inteligência é preservar a dignidade no trabalho, garantir uma transição justa e exigir que o progresso tecnológico esteja a serviço da humanidade, e não da exclusão.

A fala do presidente da UGT reafirma o papel estratégico do movimento sindical em tempos de disrupção digital. Patah também destacou que o Brasil tem condições de liderar debates sobre o uso ético e regulado da inteligência artificial, especialmente por sua experiência na luta por direitos sociais e pela valorização do trabalho decente.

Sua presença no L20 representa não apenas a voz dos trabalhadores brasileiros, mas também o compromisso de construir soluções globais para desafios globais. Com clareza, firmeza e visão estratégica, Ricardo Patah mostrou que o futuro do trabalho pode — e deve — ser construído com inteligência, justiça e solidariedade.


Fonte:  UGT - 30/07/2025

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.