Lideranças sindicais, ativistas e especialistas em meio ambiente se reuniram nos dias 25 e 26 de julho, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, para discutir como modelos econômicos colaborativos podem promover a justiça social e ambiental no Brasil. O seminário nacional “Economia Solidária: um compromisso com a justiça climática e a inclusão social”, que aconteceu no Centro de Formação Celso Daniel, destacou a economia solidária como estratégia para enfrentar novos desafios.
A Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários), que é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos e de abrangência nacional, organizou a atividade que contou com a presença de representantes da economia solidária em todo país.
Um dos passos decisivos dado durante o seminário foi uma articulação política com foco na economia solidária rumo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).
O presidente da entidade, Arildo Mota, falou sobre o Manifesto da Unisol Brasil: Um chamado para a COP 30, lançado durante o evento. “A COP 30 precisa ouvir a economia solidária. Produzimos um documento base, construído coletivamente, que apresenta propostas concretas para uma transição justa com protagonismo da classe trabalhadora, que historicamente é a mais afetada pelos efeitos da crise climática”, disse.
O secretário nacional de Economia Solidária da CUT, Admirson Medeiros (Greg), avaliou a importância da Economia Solidária na construção de um futuro sustentável. “Combater a crise climática é a pauta mais importante nos tempos atuais, estamos falando sobre o destino e a sobrevivência da humanidade, especialmente da parcela mais pobre e que historicamente é mais impactada”, afirma o dirigente.
Manifesto da Unisol Brasil: Um chamado para a COP 30
Durante o seminário, foi lançado o Manifesto da Unisol Brasil: Um chamado para a COP 30, organização que articula empreendimentos solidários, direcionado à COP 30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que ocorrerá em 2025, em Belém (PA).
O documento critica a mercantilização da natureza e defende soluções radicais nascidas nos territórios: "É nesses mesmos territórios que brotam alternativas concretas e radicais de futuro: práticas de cooperação, reciclagem popular, agroecologia, energia solar comunitária, fundos solidários, bancos populares, reflorestamento com saberes tradicionais e redes de produção autogestionária", afirma o texto.
O manifesto também reforça o caráter simbólico da escolha da Amazônia como sede da COP 30, defendendo que a região é um "patrimônio natural da humanidade", mas que sua proteção não deve ser usada como moeda de troca por países ricos. "A Amazônia não está e nunca estará à venda!", ressalta o documento.
Dois projetos em disputa
O texto apresenta a COP 30 como um campo de batalha entre duas visões: a "economia verde" capitalista, que promove falsas soluções como mercados de carbono e megaprojetos centralizados; um modelo baseado em justiça climática e economia solidária, com democratização econômica e valorização dos saberes dos povos tradicionais.
Para o secretário de Economia Solidária da CUT, o seminário e o manifesto são passos importantes para pressionar por políticas públicas que reconheçam a economia solidária como estratégia efetiva contra a crise climática.
“Não há Transição Justa de verdade sem a superação das desigualdades e é justamente que a Economia Solidária surge como alternativa estratégica para um mundo livre da exploração e onde o trabalho realmente tenha sentido e propósito na vida das pessoas", afirmou o dirigente.
O evento encerrou com a expectativa de fortalecer a articulação de movimentos sociais rumo à COP 30, ampliando o debate sobre justiça socioambiental e soberania popular.
Além de especialistas e parceiros estratégicos, participaram do evento o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva; o presidente da FUP, Deyvid Bacelar; a diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino; e representantes da Fundação Banco do Brasil e do Instituto Paul Singer.
Leia o manifesto aqui