A informalidade sempre representou um dos maiores desafios estruturais do mercado de trabalho brasileiro. Com base nos dados da PNAD Contínua, observa-se queda na taxa de informalidade, aumento recorde de empregos com carteira assinada e estabilidade na taxa de desocupação.
O estudo destaca os fatores que influenciam essa transformação, como a absorção de mão de obra qualificada e o fortalecimento de setores estratégicos da economia formal.
Em 2025, no entanto, observa-se um movimento positivo na redução da taxa de informalidade e expansão do emprego formal. Analisamos dados referentes ao trimestre de fevereiro a abril e investigando as causas e implicações desse avanço na formalização da força de trabalho.
1. Quadro geral do emprego em 2025
Aproximadamente 7,3 milhões de pessoas estavam desocupadas, número 11,5% menor em relação ao mesmo trimestre de 2024, evidenciando a consolidação da retomada econômica. A ocupação total alcançou 103,3 milhões de pessoas, com crescimento anual de 2,4%. O nível de ocupação atingiu 58,2%, com variação positiva de 0,9 ponto percentual frente ao ano anterior. Esses dados refletem uma melhora na absorção da força de trabalho e estabilidade na atividade econômica.
2. Queda da informalidade e recorde de empregos formais
A taxa de informalidade caiu para 37,9%, a menor do período recente, representando 39,2 milhões de trabalhadores informais. Esse recuo está diretamente ligado ao crescimento dos postos de trabalho com carteira assinada, que atingiram o recorde de 39,6 milhões no setor privado alta de 3,8% em um ano. Como aponta o IBGE, o mercado tem exigido mão de obra mais qualificada, que, por sua vez, demanda condições contratuais formais.
3. Setores em destaque
Entre os setores analisados, apenas o grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registrou crescimento na ocupação frente ao trimestre anterior. Esse avanço se deve, principalmente, ao início do ano letivo, com contratações em escolas e serviços de apoio.
Em relação ao mesmo período de 2024, outros setores também apresentaram crescimento, como indústria geral (3,6%), comércio (3,7%), transporte (4,5%) e serviços profissionais (3,4%). A agricultura foi o único setor com retração (-4,3%).
4. Rendimento e massa salarial
O rendimento real habitual ficou estável em R$ 3.426, mas apresentou crescimento de 3,2% em comparação ao ano anterior. Já a massa de rendimento real atingiu R$ 349,4 bilhões novo recorde representando aumento de 5,9% (mais R$ 19,5 bilhões). Esse crescimento é impulsionado pelo aumento no emprego formal e pela estabilidade da ocupação.
“O combate à informalidade foi discutido menos como algo a ser regulado agora e mais como uma oportunidade de amadurecer entendimentos, trocar experiências entre países e fortalecer estratégias para uma transição justa” — relata Gustavo Pádua, que participou da Conferência de 2025 e acompanhou de perto os diálogos internacionais. Advogado e diretor comercial da Bem Mais Benefícios, ele ressalta que esse tipo de debate global é essencial para transformar desafios complexos em soluções aplicáveis à realidade dos trabalhadores brasileiros.
Contudo, o desafio permanece. Consolidar a formalização e exigir políticas públicas contínuas, fortalecimento da fiscalização trabalhista e incentivo à qualificação profissional. A informalidade ainda atinge mais de um terço da força de trabalho e o combate e essa realidade deve ser sempre prioridade.