Metalúrgicos da TI Automotive, na zona leste de São José dos Campos, cruzaram os braços por três horas e aprovaram aviso de greve, nesta segunda-feira (20). A medida, que antecede uma paralisação, dá prazo de 48 horas para que a fábrica se posicione sobre o possível fechamento da unidade, que emprega cerca de 300 pessoas.
No dia 15 de abril, o grupo canadense ABC Technologies anunciou a aquisição da TI Automotive, em uma transação de 1,8 bilhão de libras esterlinas (equivalente a cerca de R$ 13 bilhões).
O grupo já iniciou a construção de outra fábrica na cidade de Espírito Santo do Pinhal (SP), o que reforça os rumores de que a planta de São José dos Campos será fechada e a produção transferida.
Apesar do clima de tensão na fábrica e dos pedidos de reunião enviados pelo Sindicato à direção da TI, a empresa continua omitindo informações sobre o fechamento.
Para pressionar, os trabalhadores decidiram se mobilizar. Se não houver compromisso assinado com o Sindicato, pode haver greve a partir desta quarta-feira (22).
Audiência de mediação
A Gerência Regional do Trabalho realizou, nesta segunda-feira, uma audiência de mediação entre a TI Automotive e o Sindicato. Inicialmente, estava pautada a discussão sobre o layoff que se estende há dez anos, mas o Sindicato colocou na mesa a exigência de que a empresa mantenha os trabalhadores informados sobre o futuro da fábrica.
Na audiência, representantes da TI afirmaram que os maquinários e as condições salariais estão obsoletos na unidade local, o que mais uma vez deixou evidente os planos de fechamento da fábrica.
Em defesa dos empregos e de novos investimentos na planta, o Sindicato apresentou as reivindicações dos trabalhadores. As negociações continuarão nesta terça-feira (21), às 11h.
Pauta de reivindicações
1. Programa de Demissão Voluntária (PDV), com indenização correspondente a 1,5 salário por ano trabalhado, de forma proporcional ao tempo de serviço.
2. Manutenção do convênio médico por três anos aos trabalhadores desligados, nas mesmas condições atualmente praticadas, com subsídio integral da empresa.
3. Imediata suspensão de qualquer transferência de máquinas, equipamentos ou ativos produtivos da planta local para outras unidades até a conclusão das negociações com o Sindicato e o MTE.
4. Comprometimento formal da TI Automotive em apresentar plano de novos investimentos na unidade local, assegurando a continuidade das atividades e a manutenção dos postos de trabalho. O plano deverá conter prazos, valores estimados e cronograma de execução.
5. Estabilidade no emprego por dois anos a todos os trabalhadores atualmente empregados, impedindo demissões imotivadas durante o período de reestruturação.
6. Auxílio-mudança aos trabalhadores que aceitarem transferência para a nova unidade no município de Espírito Santo do Pinhal, com:
- ajuda de custo para moradia e despesas de realocação por 12 meses;
- transporte inicial e acompanhamento social para adaptação;
- manutenção das mesmas condições salariais e benefícios atualmente vigentes.
7. Aos trabalhadores que possuem doença ocupacional ou sofreram acidente de trabalho, a empresa deverá mantê-los na folha de pagamento até a aposentadoria ou assegurar indenização equivalente, respeitando os direitos previstos em lei e na convenção coletiva.
“O clima é de muita tensão na fábrica. Há claros indícios de que o grupo canadense pretende encerrar as atividades da TI em São José dos Campos, mas os trabalhadores estão dispostos a lutar pela manutenção da fábrica na cidade”, afirma o diretor do Sindicato Emerson de Lima, o Binho.