A greve dos metalúrgicos da Sonaca, indústria do setor aeronáutico em São José dos Campos, foi pauta de mesa redonda na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) nesta segunda-feira (3), data em que a paralisação completou 12 dias.
A empresa voltou a se mostrar intransigente e não apresentou qualquer proposta para os trabalhadores. Os metalúrgicos reivindicam 8,5% de reajuste salarial, R$ 3 mil de abono e a assinatura de acordo coletivo de trabalho que garanta direitos superiores aos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Como não houve acordo, o Sindicato e a empresa voltam a se encontrar nesta terça-feira (4), desta vez em audiência pré-processual no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, agendada a pedido do Sindicato.
A luta continua
Diante da intransigência da Sonaca, a greve continua por tempo indeterminado. A mobilização é resultado da recusa da empresa em negociar com o Sindicato. Na Campanha Salarial, as negociações do setor aeronáutico são conduzidas pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que atende aos interesses da Embraer.
A recusa não é apenas da Sonaca, fornecedora da Embraer. A fabricante de aviões determina que suas parceiras rejeitem negociações com o Sindicato e adotem posturas antissindicais. Essa imposição evidencia a formação de cartel comandado pela Embraer.
Na mesa redonda, o Sindicato denunciou essa prática. O fato consta em moção de repúdio à Sonaca, Fiesp e Embraer.
“Denunciamos também o papel da Embraer, que, segundo relatos e evidências, coordena um cartel de empresas fornecedoras, como a Sonaca, e impõe restrições à negociação direta com o Sindicato. A Embraer também orienta essas empresas a praticarem condutas antissindicais e autoritárias. Essa postura fere frontalmente os princípios da liberdade sindical, do diálogo social e do respeito aos direitos humanos e trabalhistas”, diz um trecho da moção.
Assembleia
O Sindicato convoca todos os trabalhadores da Sonaca para assembleia na porta da fábrica, nesta quarta-feira (5), às 7 horas.
“Estamos em um momento importante da nossa luta. Já são 12 dias de uma greve forte, com os trabalhadores mostrando que não abaixarão a cabeça para a Sonaca e para a Embraer. Na assembleia, o Sindicato vai apresentar o resultado da mesa redonda e da audiência no TRT. Vamos definir os rumos dessa mobilização”, afirma o diretor do Sindicato André Luis Gonçalves, o Alemão.