A 30º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – a chamada Conferência das Partes, ou COP30 foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (10), em Belém do Pará. Pela primeira vez, a maior conferência climática do planeta ocorre em bioma com a maior biodiversidade do mundo, a Amazônia, responsável por regular o clima global.
A COP30 já conta com a presença de representantes de 195 países e cerca de 50 mil pessoas credenciadas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na cerimônia inaugural, reforçando que a mudança do clima “já não é uma ameaça do futuro, mas uma tragédia do presente”, e defendeu uma ação coordenada entre as nações. Confira a íntegra do discurso
Já nesta terça-feira (11), ocorreu a plenária de abertura da COP30. É um momento protocolar da conferência em que as delegações adotam a agenda oficial de trabalho e os países apresentam suas prioridades. Também é a ocasião em que os nove grupos de observadores reconhecidos pela ONU têm direito a dois minutos de fala. Entre eles está o movimento sindical global, representado pela CUT.
Falando em nome do sindicalismo mundial, Rosalina Amorim, secretária de Meio Ambiente da Central, foi a porta-voz das trabalhadoras e dos trabalhadores na plenária. Em seu discurso, ela deu as boas-vindas às delegações e apresentou as principais demandas do movimento sindical internacional para a COP30. Rosalina citou o impacto das mudanças climáticas na vida da classe trabalhadora, em especial, no norte do país
“Aqui na Amazônia, estamos sendo duramente atingidos pelo impacto das mudanças climáticas. O calor crescente está matando pessoas. O desmatamento e a poluição estão destruindo nosso modo de vida, colocando em risco nossa sobrevivência. O movimento sindical global vem a Belém com esperança nos olhos e no coração”, disse.
A dirigente destacou que, por ser realizada na Amazônia, a COP30 carega uma responsabilidade histórica – a de colocar as pessoas no centro das negociações e garantir que a transição para uma economia de baixo carbono ocorra de forma justa, com respeito aos direitos humanos e trabalhistas.
“Esta COP, realizada no coração da Amazônia, precisa levar as pessoas a sério. Estamos pedindo que esta seja a COP da Transição Justa”, afirmou Rosalina na plenária de abertura.
[Queremos] uma Transição Justa que coloque os direitos humanos e trabalhistas no centro do debate sobre políticas climáticas. Proteger e promover direitos trabalhistas, como o diálogo social e a negociação coletiva, a proteção social, a saúde e segurança no trabalho, é o que vai conquistar a confiança das trabalhadoras e dos trabalhadores e fortalecer a implementação das políticas climáticas- Rosalina Amorim
A secretária de Meio Ambiente da CUT também defendeu que os países aprovem uma decisão concreta para a criação do Mecanismo de Ação de Belém para a Transição Justa (Belém Action Mechanism – BAM). A proposta busca estabelecer um compromisso internacional para incorporar o conceito de Transição Justa em todas as políticas climáticas e acordos multilaterais, garantindo que a transformação ecológica venha acompanhada de emprego decente, proteção social e participação dos trabalhadores nos processos de decisão.
“As trabalhadoras e os trabalhadores do mundo demandam uma decisão urgente de vocês pela criação do Mecanismo de Ação de Belém para a Transição Justa”, afirmou.
Rosalina finalizou sua fala afirmando que a ação climática também significa pôr fim à violência, às guerras, aos conflitos e à repressão em todos os lugares. “Parem com a violência e a fome contra civis – não há justiça climática sem direitos humanos!”, disse a dirigente
Papel do sindicalismo global
A fala de Rosalina Amorim marcou o momento em que o movimento sindical internacional apresentou oficialmente suas prioridades à COP30. Integrande da Confederação Sindical Internacional (CSI), a CUT, junto com outras centrais sindicais reivindicam que os direitos trabalhistas sejam reconhecidos como pilares fundamentais da ação climática.
A CUT, como maior central sindical brasileira, assumiu o papel de porta-voz global do sindicalismo na conferência. “O sindicalismo global está unido em torno da defesa de uma transição justa e inclusiva, que garanta que nenhum trabalhador seja deixado para trás nas mudanças que o planeta exige”, reforçou Rosalina após a plenária.
A secretária também lembrou que a adoção da agenda de trabalho, por meio da plenária de abertura, embora pareça um ato protocolar, é decisiva para o andamento das negociações.
“Em outras conferências, como a Pré-COP em Bonn, na Alemanha, houve impasse de até dois dias para fechar a pauta, o que atrasou toda a programação. Em Belém, felizmente, houve acordo rápido, o que é um bom sinal de que as partes estão dispostas a avançar nas discussões”, explicou.
COP30 e o desafio da Transição Justa
A realização da COP30 na Amazônia, região que simboliza tanto a urgência climática quanto a resistência dos povos que nela vivem, reforça a necessidade de que as soluções climáticas sejam construídas com base na justiça social.
Para A CUT e o movimento sindical, a Transição Justa é a chave para equilibrar a proteção ambiental com a garantia de direitos, geração de empregos sustentáveis e inclusão social. Junto às demais centrais que compõem o sindicalismo global, a CUT seguirá atuando ao longo da conferência para inserir as reivindicações dos trabalhadores na agenda climática e pressionar os governos por compromissos concretos.
“Esta precisa ser a COP da Transição Justa. Sem direitos trabalhistas e humanos, não haverá justiça climática”, concluiu Rosalina Amorim.