O segundo dia do Seminário de Planejamento da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT-SP (FEM-CUT/SP) foi marcado por reflexões profundas sobre o passado, os desafios presentes e o futuro da organização sindical, com foco nas transformações das negociações coletivas e nas estratégias de luta diante da nova conjuntura política patronal.
Na parte da manhã, diretores da entidade compartilharam experiências sobre a trajetória na FEM e suas negociações históricas, ressaltando o valor da mobilização e da resistência da categoria em momentos de ataque aos direitos trabalhistas.
As falas destacaram a mudança no perfil das negociações ao longo dos anos com processos mais pautados no diálogo e na articulação política.
Para o presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, é essencial preservar o aprendizado acumulado nas décadas de lutas e adaptá-las aos novos tempos.
“Nós temos uma história de muita luta, e é dessa base que tiramos força para negociar. Hoje, o cenário exige mais diálogo e estratégia, mas não podemos deixar de fazer a luta pelo compromisso com os trabalhadores, que é defender direitos e garantir avanços reais”, afirmou Erick.
Os debates também abordaram os impactos das reformas Trabalhista e da Previdência, que enfraqueceram a representação sindical, e reforçaram a importância de manter o contato contínuo com a base. A diferença salarial dentro da categoria e a necessidade de unificação entre as centrais sindicais foram apontadas como pontos prioritários para fortalecer as futuras campanhas.
Ainda pela manhã, a plenária discutiu a nova composição da Fiesp, com o retorno de Paulo Skaf à presidência, e seus reflexos diretos nas negociações de 2026. Dirigentes alertaram que o atual Conselho da Fiesp adota uma visão empresarial contrária aos interesses da classe trabalhadora, exigindo uma postura firme e coordenada do movimento sindical.
Protocolo contra assédio sexual
O Seminário também marcou a aprovação do protocolo para combate ao assédio sexual durante suas atividades e reuniões.
O documento tem uma importância muito grande, pois estabelece que o “assédio sexual é uma violação da dignidade e dos direitos humanos e sindicais. A FEM-CUT/SP está comprometida em proporcionar um ambiente seguro e livre de todas as formas de assédio sexual durante atividades e reuniões, independentemente de gênero, identidade e expressão de gênero, orientação sexual, deficiência, aparência física, tamanho corporal, raça, cor, nacionalidade, idade ou religião”.
Para Ceres Lucena, secretária da Mulher Trabalhadora da entidade, a medida é muito importante.
“Principalmente para as mulheres, é um grande avanço e foi resultado de muita cobrança, de muita luta para que possamos garantir nossa participação nos espaço de debate com segurança”.
Avaliação de resultados e planejamento estratégico
Durante a tarde, o foco voltou-se à avaliação detalhada da campanha salarial de 2025, com destaque para as negociações com alguns l grupos patronais. Os dirigentes analisaram a adoção do acordo alternativo diante da alegação patronal do “tarifaço”.
Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba apresentaram dados mostrando que, apesar dessa alternativa, a maioria das empresas aplicou o reajuste integral, o que foi considerado um resultado positivo da atuação da Federação.
O secretário-geral da FEM-CUT/SP, Max Pinho, destacou a importância de combinar capacidade de negociação com mobilização real da categoria:
“Negociar é importante, mas sem base mobilizada não há avanço. Precisamos fortalecer a presença territorial dos sindicatos, ampliar as subsedes e retomar o diálogo direto com os trabalhadores nas fábricas. É isso que vai nos dar força para enfrentar os próximos desafios”, ressaltou Max.
Desafios para 2026
O debate final do dia projetou as prioridades para a próxima campanha salarial, com atenção especial à queda da sindicalização, à necessidade de valorização dos pisos salariais e à busca de uma estratégia unificada entre os sindicatos filiados. Os participantes concordaram que o momento exige ousadia e unidade, tanto na mesa de negociação quanto nas fábricas e nas ruas.“
A conjuntura mudou, mas o papel da FEM continua o mesmo: garantir dignidade, valorização e voz para cada trabalhador metalúrgico de São Paulo”, concluiu Erick.