Entre os dias 19 e 26 de outubro, jovens lideranças sindicais dos países que integram o BRICS participaram, na China, do Seminário de Jovens Líderes Sindicais, iniciativa voltada à formação política, ao intercâmbio de experiências e ao fortalecimento da cooperação internacional no campo do trabalho. O Brasil foi representado por Maicon Michel Vasconcelos, secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, integrante do CSE (Comitê Sindical de Empresa) na Mercedes Benz, em São Bernardo do Campo, e também vice-presidente da IndustriALL para a América Latina e Caribe.
A abertura oficial foi conduzida por dirigentes da ACFTU (em português, Federação Nacional dos Sindicatos da China), que reúne cerca de 310 milhões de trabalhadores chineses. O início dos debates foi marcado por uma análise aprofundada sobre a história, a missão política e a estrutura do sindicalismo no país asiático, além dos desafios impostos pelas transformações tecnológicas e pela economia de plataformas.
Segundo Maicon, a formação proporcionou uma troca intensa entre representantes de 11 países. “O estudo do socialismo com características chinesas é fundamental para compreender a geopolítica atual. O BRICS nasce da cooperação tecnológica e da busca por desenvolvimento soberano”, destacou. Ele também ressaltou o papel do Banco dos BRICS, sob a presidência de Dilma Rousseff, na consolidação de projetos estratégicos ligados à nova revolução industrial.
A programação incluiu visitas a espaços históricos de Pequim, à Grande Muralha e o deslocamento para Xiamen, onde foram conhecidos centros de inovação, hospitais de alta tecnologia, empresas de telecomunicações 5G e a montadora King Long, referência mundial na produção de ônibus e veículos autônomos. Um dos pontos altos foi a visita ao porto de Xiamen, um dos maiores e mais importantes economicamente, quase totalmente automatizado, operado por apenas 17 trabalhadores por meio de sistemas digitais e controle remoto.
Articulação internacional
Maicon também apontou o sistema de monitoramento sindical, capaz de acompanhar em tempo real milhares de reclamações trabalhistas. “Eles analisam dados regionais e nacionais ao mesmo tempo, identificando se os problemas são pontuais ou estruturais e como resolver. É um nível de organização impressionante”, afirmou.
Além da agenda oficial, o dirigente brasileiro buscou contato direto com a população local. “Nas periferias, dá para sentir como as pessoas percebem o processo de desenvolvimento de suas vidas. Elas têm consciência de que não é algo rápido, mas segundo eles é contínuo, sem retrocessos”, relatou.
O seminário reforçou a importância da articulação internacional, da formação de novas lideranças e da defesa do trabalho digno diante das transformações no mundo produtivo. A participação de Maicon fortaleceu o papel dos Metalúrgicos do ABC na agenda de todo o mundo do sindicalismo e ampliou os laços de cooperação entre os países do Sul Global.