A Greve Geral convocada pela UGT (União Geral dos Trabalhadores) no dia 11 de dezembro paralisou setores essenciais em todo o país e foi considerada pela central sindical um sucesso. A mobilização, que contestou o anteprojeto de revisão da legislação laboral apresentado pelo Governo, teve forte impacto nos transportes, na educação, na saúde, na justiça e nos serviços públicos.
Em balanço feito ao final do dia, Mário Mourão, secretário-geral da UGT afirmou que a paralisação representou “um rotundo não dos trabalhadores à proposta laboral do Governo” e destacou que o alcance da greve ultrapassou as fronteiras nacionais. “Esta greve é um sucesso e é um rotundo não que acompanha o rotundo não já dado pela UGT e pelos seus sindicatos”, declarou, criticando a postura do Executivo, que, segundo ele, “continua a negar a realidade vivida no terreno e a demonstrar incapacidade para ouvir os trabalhadores”.
De acordo com a UGT, cerca de três milhões de trabalhadores participaram da paralisação, com adesão expressiva em diferentes regiões e setores. O secretário-geral ressaltou o apoio recebido inclusive de trabalhadores que garantiram os serviços mínimos, aos quais dirigiu agradecimento pelo “sacrifício realizado”.
O dirigente sindical também rejeitou os dados apresentados pelo Governo, que classificou como “manipulados e descontextualizados”. Para a central, a greve foi uma resposta necessária a uma proposta que “aumenta a precariedade, facilita despedimentos, desregula horários e enfraquece a negociação coletiva e o direito à greve”.
A UGT destacou índices de adesão superiores a 80% nos setores da Justiça e da Saúde, 100% no Metro e na CP, mais de 80% na Carris, mais de 90% na Alvorada, cerca de 70% nos TST e forte mobilização no Parque Industrial da Autoeuropa. Escolas, tribunais, balcões bancários e serviços públicos ficaram fechados durante o dia.
O secretário-geral da UGT afirmou ainda que “esta não foi uma greve limitada a carreiras específicas ou ao setor público, mas uma greve de todos os trabalhadores — do público e do privado — que não aceitam uma reforma laboral injusta”. Segundo ele, “o Governo pode torcer números, mas não pode torcer a realidade”.
A central sindical espera que o Executivo reveja o anteprojeto e retome o diálogo com as entidades representativas. “Os votos não legitimam tudo”, afirmou o dirigente, lembrando que os trabalhadores “não votaram nesta reforma”.
Para a UGT, a Greve Geral de 11 de dezembro marca um ponto de viragem: ou o início de uma negociação mais séria e equilibrada, ou o começo de um período prolongado de conflito social. “A UGT sai reforçada desta greve geral”, concluiu o secretário-geral, agradecendo aos trabalhadores, às organizações sindicais e à imprensa pelo acompanhamento da mobilização. “Foi uma greve pelos trabalhadores, pelas famílias e por Portugal.”