As principais centrais sindicais do país reforçaram, nesta segunda-feira (10), o apoio ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, na defesa do fim da escala 6×1 e da redução da jornada máxima semanal. O tema foi debatido em seminário realizado na Câmara dos Deputados, onde representantes dos trabalhadores defenderam urgência na tramitação do projeto que aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Durante o evento “Alternativas para o Fim da Escala 6×1”, Marinho afirmou que apenas uma mudança legal permitirá ao Brasil avançar para padrões internacionais de jornada. Ele destacou que, sem intervenção do Congresso, o país continuará preso a um modelo que considera “obsoleto” e prejudicial à saúde dos trabalhadores.
Raimundo Suzart, presidente da Estadual SP da Central Única dos Trabalhadores (CUT), classificou a mudança como urgente do ponto de vista social e econômico. Ele citou que outros países já debatem jornadas de 33 ou 36 horas semanais e defendeu que qualquer alteração preserve salários e amplie o acesso dos trabalhadores a lazer, estudo e qualificação. Para Suzart, a medida também pode impulsionar a geração de empregos, especialmente para jovens em busca da primeira oportunidade.
Representante da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, reforçou que as centrais atuam em duas frentes: negociações diretas com empresas e pressão legislativa. Ele lembrou que categorias como metalúrgicos e químicos já conquistaram reduções por meio de acordos coletivos, mas avaliou que a consolidação dessas mudanças dependerá do debate no Congresso.
O coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz Lúcio, afirmou que tanto a adoção de uma jornada de 40 horas quanto o fim da escala 6×1 estão “maduros” para implementação. Segundo ele, as medidas podem elevar a produtividade e melhorar as condições de vida da população.
“Sem imposição legal, não vamos avançar”, diz Marinho
Marinho reiterou que o país precisa de um modelo de trabalho que garanta saúde, equilíbrio e tempo de descanso adequado. Ele defendeu a redução imediata da jornada máxima para 40 horas semanais, citando experiências positivas em empresas que já adotaram modelos mais curtos.
A economista do Dieese Cristina Pereira Vieceli reforçou que setores como o bancário já apresentam ganhos de produtividade que justificam a redução de jornada. Ela destacou que a mudança tem impacto direto na qualidade de vida, na redistribuição do trabalho de cuidados — especialmente entre homens e mulheres — e no tempo gasto com deslocamentos, que afeta principalmente os trabalhadores de menor renda.
Críticas à escala 6×1 e debate sobre novos modelos
Para Marinho, a escala que prevê seis dias de trabalho para um de descanso deve ser superada. Ele classificou o modelo como “perverso”, sobretudo para as mulheres, e defendeu a garantia de ao menos dois dias consecutivos de folga. O seminário também discutiu a PEC 8/25, que propõe uma jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, com limite de 36 horas semanais e extinção definitiva da escala 6×1.
O ministro afirmou que o debate no Parlamento tem sido dificultado por resistências históricas e citou a reação contrária à tentativa do governo de regulamentar o trabalho no comércio em feriados. Segundo ele, a portaria apenas estabelecia a necessidade de negociação com os sindicatos, mas enfrentou forte oposição do setor.
Ao encerrar o encontro, Marinho defendeu a continuidade das negociações entre governo, trabalhadores e empregadores para construir uma transição “serena e justa”. “É hora de virar a página da escala 6×1”, declarou.