Foi encerrada na noite de terça-feira, 24, a greve dos ferroviários das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A categoria havia iniciado uma paralisação pelo reajuste salarial, que o governo João Doria (PSDB) queria pagar em 10 parcelas somente a partir de 2022.
A união da categoria trouxe resultados vitoriosos, garantindo acordos nos principais pontos reivindicados, inclusive o recuo nas dez demissões de trabalhadores que o secretário estadual dos Transportes, Alexandre Baldy, havia anunciado como tentativa de intimidar o movimento.
No fim do dia, de forma inusitada, o apresentador José Luiz Datena, conduziu uma negociação ao vivo pelo programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, com a participação de Baldy e o secretário-geral do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil (Sindcentral), Alexandre Múcio.
Durante o programa, o governo ofereceu pagar o reajuste retroativo em cinco vezes, já a partir de outubro, mas tentou manter as demissões num primeiro momento. Como uma assembleia dos trabalhadores ocorria no mesmo instante, a categoria manteve a greve enquanto não houvesse uma garantia de readmitir os grevistas.
Múcio pontuou que, ao longo do dia, a categoria já tinha concordado com a proposta apresentada pela CPTM, mas o anúncio de demissões trouxe um novo impasse à situação. “Apesar de uma proposta financeira que não era a que queríamos, aceitamos para resolver o impasse. Mas, infelizmente, com o problema novo, que é a demissão dos dez trabalhadores, será preciso resolver isso”, disse.
Alexandre Baldy, então, recuou em público das demissões e a greve foi encerrada.
O secretário também se comprometeu a receber a entidade para uma reunião ainda nesta semana. O encontro estava sendo tentando há meses pelo Sindcentral, mas estava sendo recusado e até desmarcado pelo governo.
“É um avanço, uma conquista muito grande para os ferroviários da CPTM, garantindo reajustes que estavam paralisados há muito tempo. Foi uma conquista enorme dos trabalhadores e dos dirigentes, além de ser uma grande sacada em levar para a televisão essa negociação, pois foi uma forma de enquadrar o secretário ao vivo”, comemora o secretário de Relações do Trabalho da CUT-SP, Wagner Menezes, o Marrom.
Apesar disso, o dirigente lembra que é preciso continuar alerta com João Doria. “Mesmo com essa vitória, é sempre bom lembrar que o governo Doria é privatista, de métodos arcaicos e antissindicais. Quando ele não gosta de algo, faz ataques. Foi assim com a greve do Metrô, quando também perdeu na justiça e, em seguida, colocou a venda o terreno da sede do sindicato”, recorda.
A CUT-SP lembra que tal postura demonstra bem o desprezo que o governo tem com os trabalhadores que atuam na prestação de serviços públicos, com ações deliberadas para promover o sucateamento e o desmonte desses serviços, como o recente projeto de lei (PL) nº 26/2021 enviado para a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), considerada uma espécie de reforma administrativa estadual.