Os metalúrgicos de São José dos Campos e região aprovaram aviso de greve para representantes de cinco grupos patronais. A votação ocorreu em assembleia geral da categoria, nesta quarta-feira (25), como parte das atividades da Campanha Salarial 2021. Participaram da assembleia 63 trabalhadores, de 23 empresas.
Foram aprovados avisos de greve para as seguintes entidades patronais:
- Sindipeças (fábricas de autopeças): mesmo após duas reuniões com o Sindicato, a entidade quer alterar a cláusula da convenção coletiva que prevê estabilidade no emprego aos portadores de doenças ocupacionais. Por isso, o Sindicato passará a negociar diretamente com as empresas, e não mais com o grupo patronal. Principais fábricas: Eaton, Parker, TI Automotive, Retin e Retrovex.
- Sindicel (fábricas de fios e cabos elétricos): também quer alterar a cláusula da convenção coletiva que prevê estabilidade no emprego aos lesionados. O Sindicato aguardará a próxima reunião para pressionar o grupo a avançar nas negociações. Principais fábricas: Prolind, Wirex Cable, Wireflex e Cabletech.
- Fiesp (setor aeronáutico): em reunião, evidenciou que fará a mesma proposta do ano passado, que inclui alteração da cláusula sobre a estabilidade dos lesionados, ampliação da terceirização e tentativa de abolir a contribuição sindical, além da realização da homologação fora das dependências do Sindicato e somente na empresa. Principais fábricas: Embraer, Latecoere, Alestis, Aernnova, Sonaca e Pesola.
- Sindimaq (indústria de máquinas): a primeira reunião entre a entidade patronal e o Sindicato está agendada para o dia 31 de agosto. Caso haja proposta de retirada de direitos, será protocolado aviso de greve. Principais fábricas: Parker Hannifin e Ferdimat.
- Sinaees (indústria de aparelhos elétricos e eletrônicos): está prevista a primeira reunião entre a entidade patronal e o Sindicato para o dia 31 de agosto. Caso o Sinaees proponha retirada de direitos, será protocolado aviso de greve. Principais fábricas: Ericsson e Panasonic.
“Nosso Sindicato repudia qualquer tentativa de retirada de direitos feita pelos grupos patronais. Nossa luta é por acordos que garantam aumento real e ampliação das cláusulas sociais”, afirma o presidente Weller Gonçalves.
Aumento real e direitos
Esta é a quarta semana de mobilizações da Campanha Salarial nas fábricas da região. Até agora, metalúrgicos de 39 empresas já aprovaram a pauta de reivindicações, que este ano exige 15% de reajuste salarial e ampliação de direitos.
Os trabalhadores passam por inúmeras dificuldades devido à crise social, econômica e sanitária provocada pelo governo Bolsonaro. A inflação dos últimos 12 meses já bate 9,85% e deve ultrapassar 10% no período da data-base (de setembro de 2020 a agosto de 2021), segundo aponta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
“Nossa luta é para que os patrões não rebaixem ainda mais o poder de compra da categoria metalúrgica. Exigimos aumento real de salário, já que as indústrias não param de lucrar”, afirma Arthur Santos, delegado sindical na Prolind.
Moções
Durante a assembleia geral, os metalúrgicos também aprovaram três moções. Uma delas foi votada após uma exposição realizada por Raquel de Paula e Moisés Lima, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Vale do Paraíba (Sintect-VP). A moção é contra a privatização dos Correios, que pode causar a demissão em massa dos ecetistas e piorar o serviço no país.
Outra moção pede a anulação da condenação criminal de Antônio Macapá, pela Justiça Federal, por comandar protestos com a ocupação da Via Dutra contra a demissão de 798 trabalhadores da GM, em 2015. A terceira moção é contrária à tentativa da Avibras de, buscando avançar na sua política antissindical, tirar a representatividade do Sindicato à parte dos funcionários.
Por vacina e empregos
Com o slogan “Metalúrgicos na luta por vacina, emprego, direitos e aumento”, a Campanha Salarial amplia a luta da categoria em benefício de todos os brasileiros. Nas assembleias, os dirigentes sindicais estão discutindo com os trabalhadores a exigência de vacinação imediata de toda a população.
Os companheiros também debatem, além da importância de lutar contra a privatização dos Correios, a necessidade de barrar a reforma administrativa (PEC 32) e a Medida Provisória 1.045/21, que rebaixa os direitos dos trabalhadores. Todas essas medidas fazem parte de um pacote de Guedes e Bolsonaro para destruir o emprego do brasileiro. Por isso, é urgente ampliar a luta da classe trabalhadora contra o governo Bolsonaro, que continua arrastando o Brasil para a miséria.
Pauta da mulher metalúrgica
As mobilizações da Campanha Salarial também ocorrem em favor das trabalhadoras. É preciso ampliar o período de licença-maternidade e garantir o respeito às ausências justificadas. A pauta reivindica, também, um plano de apoio às vítimas de violência doméstica.