Em São Paulo, grande parte da população viaja numa das seis linhas do metrô. No auge, antes da pandemia, eram cerca de quatro milhões de passageiros/dia.
No sindicalismo, todos conhecem o Sindicato dos Metroviários, entidade que representa uma das categorias mais essenciais da Grande São Paulo.
Quem milita no sindicalismo conhece Wagner Fajardo, o técnico de segurança que desde 17 de agosto de 1981 integra a categoria e hoje coordena a direção sindical da entidade.
O Sindicato dos Metroviários de SP foi fundado em 24 de agosto de 1981 e reconhecido no mês seguinte - antes, havia uma Associação. Este ano, completou quatro décadas.
Importante vitória política de 2021 foi conseguir manter a sede, que o governo do Estado queria retomar. “Foram meses de resistência, reuniões, pressão e articulações. As Centrais Sindicais ajudaram muito e Ricardo Patah, da UGT, especialmente. Os deputados Orlando Silva (PCdoB), Carlos Zaratini (PT) e Paulinho Pereira (Solidariedade) também se empenharam e têm nosso reconhecimento”.
Nessas quatro décadas, marcadas por mais de 40 greves, Wagner Fajardo destaca o Adicional de Periculosidade em 1986. “Começou proporcional ao tempo de exposição, mas hoje é de 30% pra todos os que estão expostos a risco elétrico”, conta.
Para o Sindicato, uma grande conquista é a Convenção Coletiva de Trabalho. Por exemplo: ela garante Vales-Alimentação e Refeição, que somam cerca de R$ 1.500,00 ao mês, independentemente do salário - nas faixas mais baixas, representam metade do salário de R$ 3 mil.
Fajardo também valoriza a vitória judicial que garantiu a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho. “Pelo terceiro ano, com greve e atuação na Justiça, derrotamos a intransigência da direção da Companhia do Metrô, que recorreu ao TST, por efeito suspensivo, mas não conseguiu”. A data-base é maio.
Outra vitória importante se deu em outubro. A Justiça mandou reintegrar ao trabalho 39 metroviários que haviam participado da greve em 2019, contra a reforma da Previdência. O Metrô ainda foi condenado por assédio moral coletivo e prática antissindical. A entidade dos trabalhadores e a empresa negociam pra efetivar a reintegração.
A resistência do Sindicato pra manter a sede e as articulações políticas junto a secretários de Estado, com apoio das Centrais e deputados, são um capítulo à parte, que ainda precisa ser contado com detalhes, inclusive o vaivém dos bastidores. “A notícia de que conseguimos manter a sede foi muito bem recebida na base”, comenta Fajardo.
A dura vida sindical, incluindo a perda de colegas para a Covid-19, devido ao negacionismo governista, é compensada por alegrias. Wagner Fajardo conta: “Conseguimos vacina pros metroviários, pois somos categoria essencial, renovamos a Convenção, estamos reintegrando companheiros, mantivemos a categoria unificada, estamos na luta contra Bolsonaro, sem abrir mão das bandeiras específicas da base, ampliamos a articulação política. Me sinto feliz por saber que a luta que a gente fez e faz não foi em vão".
Metroviário - 26 de outubro é o Dia do Metroviário.