O mundo do trabalho está em transformação devido aos impactos da revolução tecnológica e da transição energética, implicando em mudanças na forma como se dá a inserção produtiva da juventude para que isso não aprofunde mais desigualdades sociais. “Para responder a esses desafios, o diálogo social é necessário, com a conscientização de que isso é responsabilidade da sociedade como um todo, sendo necessário escutar também os interesses dos jovens”, defendeu o diretor de políticas para a Juventude, do Ministério do Trabalho e Emprego, João Motta, ao coordenar o painel “Inovação e Futuro do Mundo do Trabalho”, no dia 13 de agosto.
Esse debate fez parte das atividades do Youth 20 (Y20), o grupo de engajamento da juventude no âmbito do G20, que iniciou no dia 12 de agosto e vai até sexta-feira (16), no Galpão da Ação e Cidadania, no Rio de Janeiro.
Cristina Paiva, secretária da Juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e vice-presidenta do Conselho Nacional da Juventude, disse que discutir a inclusão produtiva dos jovens é algo sério, que influencia nas desigualdades sociais no mundo. No Brasil, os jovens até 29 anos somam 50 milhões de pessoas, sendo que 31 milhões são de baixa renda, em situação de vulnerabilidade social, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Ela ressalta que a pirâmide demográfica no país está invertendo, sendo necessárias ações urgentes para a inclusão produtiva dessa juventude e seu empoderamento econômico.
“Se a gente não der oportunidades agora, amanhã a força de trabalho e a previdência estarão comprometidas, assim como o país inteiro. Isso não é apenas um problema de política pública, é também problema da iniciativa privada e das ongs (organizações não governamentais). A gente precisa trabalhar de forma conjunta nas soluções”, afirmou Paiva.
A diretora de Negociação Coletiva Municipal, do Ministério do Trabalho da Província de Buenos Aires, Macarena Fioramonti, foi uma das painelistas. Ela defende que o uso da tecnologia e da Inteligência Artificial (IA) sejam regulados pelo Estado, para que essa transição não afete ainda mais os trabalhadores e aprofunde as desigualdades sociais. Para isso, ela sugere que haja um diálogo tripartite. “Acreditamos muito nas relações de trabalho tripartite, com envolvimento de representantes dos trabalhadores, empregadores e do Estado para essa regulação, garantido a justiça e diminuindo as desigualdades”, sugeriu Fioramonti.
João Motta disse que o MTE tem muito o que contribuir com essa agenda, além de destacar que o desafio da transição de atividades dentro do mundo do trabalho é algo global. Outra preocupação é que as novas oportunidades que estão surgindo, em substituição das atividades que serão fechadas, preservem os direitos sociais conquistados pelos trabalhadores. É importante que essa modernização não traga precarização.
“O tema do trabalho é vivido num determinado local, mas as soluções não são territoriais, elas são globais. As ações precisam ser tomadas em grandes escalas. E estar no G20, nesse debate internacional, construindo soluções para a inclusão social e produtiva, tendo o ser humano como centro, é algo histórico”, finalizou o diretor de políticas para a Juventude do MTE, que ainda acrescentou que nesse processo de avanço, ninguém deve ficar para trás.
Ao final dos debates do Y20, será elaborado um documento com o resumo das principais demandas da juventude, para ser apresentado à Cúpula de chefes de Estado, em novembro deste ano.
O que é oY20
Youth 20 (Y20) é o grupo de engajamento da juventude no âmbito do G20. Os temas prioritários de debate desse grupo é combater à fome, à pobreza e à desigualdade; mudanças climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável; reforma do sistema de governança global; inclusão e diversidade; inovação e futuro do mundo do trabalho.
Este ano, o governo brasileiro assumiu pela primeira vez a coordenação do G20, tendo como linha central: “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. O G20 reúne líderes de governos e representantes da sociedade civil das 20 maiores economias do mundo. Fazem parte 19 países mais a União Europeia, além da União Africana que se juntou ao grupo como seu 21º membro.