O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) tem provocado transformações profundas no mundo do trabalho, criando novas oportunidades, mas também ameaças à estabilidade e dignidade dos postos de trabalho. Desde o início da popularização do e-commerce — que já reconfigurou o comércio tradicional —, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo foi pioneiro no debate sobre os impactos da tecnologia na categoria, em articulação direta com a União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Muito antes do tema dominar manchetes, a entidade já alertava sobre os riscos da automação desenfreada, sem diálogo social, e também sobre as possibilidades que a tecnologia pode gerar se for aliada da valorização profissional. Foi ao lado da UGT que o sindicato levantou a bandeira da 4ª Revolução Industrial, pautando que o uso da IA não pode estar desvinculado de políticas públicas de inclusão produtiva, qualificação e proteção dos direitos trabalhistas.
As mudanças já são visíveis. Funções repetitivas e operacionais enfrentam forte risco de substituição, enquanto cresce a demanda por profissionais da área de dados e automação. Mas para o sindicato, o desafio é garantir que o avanço tecnológico não elimine empregos — e sim transforme-os em ocupações mais humanas, produtivas e saudáveis. Isso passa por requalificação, regulamentação do uso da IA nos ambientes de trabalho e uma nova política de redistribuição de oportunidades.
A IA pode — e deve — ser uma aliada do bem-estar: reduzindo jornadas, aliviando pressões, melhorando processos e ampliando o acesso à informação. No entanto, sem diálogo e sem ação sindical, a tecnologia corre o risco de aumentar desigualdades, precarizar relações e adoecer os(as) trabalhadores(as) com metas inatingíveis e vigilância digital.
Diante desse cenário, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo reafirma seu compromisso com a defesa de empregos decentes e com o protagonismo da classe trabalhadora na construção de um futuro onde a tecnologia esteja a serviço das pessoas — e não o contrário.