Após 9 dias de uma poderosa greve, os operários e operárias da construção civil de Belém (PA) aprovaram nesta quarta-feira (24) nova proposta da patronal e o encerramento da paralisação.
A proposta aprovada prevê 6,5% de reajuste salarial, o que significa 1,37% de aumento real; índice de 45% na cesta básica, que sobe de R$ 110 para R$ 160; aumento de 11% na PLR para passará para R$ 350; pagamento no primeiro dia do mês e manutenção das demais cláusulas sociais. A classificação das mulheres operárias na construção civil também foi uma conquista na profissão.
Apesar das intimidações, vigilância armada, ameaças e repressão, os trabalhadores e trabalhadoras não recuaram conquistando a ampliação da proposta inicial. Dessa forma, deixaram a patronal e o governo do estado do Pará de Hélder Barbalho preocupados¸ pois a greve estava afetando obras estratégicas para a realização da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática), prevista para ocorrer em novembro deste ano.
A mobilização chegou a ganhar visibilidade internacional por paralisar obras da COP30.
Vitória da organização dos operarios/as
O coordenador geral do STICMB-PA (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Belém), Ailson Cunha, disse que essa greve fica marcada. “A repressão dos patrões e do governo Hélder não foi suficiente para que o Sindicato e os trabalhadores recuassem. Nós não abaixamos a cabeça e demos aula de democracia operária e organização de base, Sindicato e trabalhadores juntos”, comemorou.
Operário da construção civil, Atnágoras Lopes, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, afirma que os trabalhadores devem sair orgulhos dessa greve.
“Eu falei isso na assembleia hoje. Essa greve tem de ser um motivo de orgulho para os operários e operarias da construção civil. Nós para as obras em meio da preparação da COP30, fazendo com que até a imprensa internacional olhasse pra nossa situação. Saímos sozinhos contra patronal, governos das três esferas, deputados e vereadores, e conseguimos arrancar uma proposta melhor e avançar na democracia operária. É uma vitória”.
Trabalhadores da construção civil também entraram em greve nos municípios de Ananindeua e Marituba.