Desde 2022, o projeto Fairwok publica relatórios sobre as empresas de trabalho justo e plataformas no Brasil, após avaliar seis organizações plataformizadas: iFood, 99, Uber, GetNinjas, Rappi e Uber Eats.
A pesquisa que foi divulgada foi realizada entre agosto de 2023 e agosto de 2025 por uma equipe composta por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Brasília e Universidade Federal do Paraná.
O resultado é a pior situação para os trabalhadores nas plataformas que existem no Brasil e mostra que os trabalhadores estão sendo explorados por todas as empresas.
As evidências recolhidas neste relatório sugerem uma falta de direitos laborais e sociais básicos, além de revelar que existem formas, utilizadas por essas empresas, de intensificar o controle do trabalho por meio de sistemas de gestão algorítmica, gamificação e classificação, acelerando e aumentando os riscos relacionados ao trabalho. O relatório deste ano, portanto, confirma um
aprofundamento desses processos e demonstra uma transformação em suas interrelações com o debate de gênero, a informalidade e a lógica do endividamento
Em relação ao gênero, este ciclo da pesquisa revelou um agravamento significativo das denúncias de violência sofrida por mulheres. Como afirmou uma trabalhadora entrevistada para este estudo: “Assédio tem muito. Já presenciei bastante isso, reporto e aí a plataforma simplesmente diz que vai notificar o usuário e eu depois não tenho retorno disso”. É importante destacar que o conceito de violência transcende a agressão física e inclui a discriminação e todas as formas que atentam contra a dignidade humana. Qualquer condição que comprometa a subjetividade ou suas capacidades de reprodução material também é uma forma de violência. No caso das plataformas, o que este estudo mostra é a normalização da violência física e simbólica, que passou a fazer parte da realidade cotidiana dos trabalhadores, com agravantes no caso das mulheres.