“Somos uma categoria grande e buscamos quem é referência em termos de organização dos trabalhadores”.
Assim o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga do Vale do Paraíba, Everaldo Bastos, definiu a parceria entre a CUT e o Movimento Brasil Caminhoneiro para a realização de um seminário no próximo dia 22, em São Paulo. A primeira reunião preparatória será na próxima segunda (4).
A atividade é uma iniciativa do Macrossetor do Comércio e Serviços da Central, fórum que tem por finalidade fortalecer e construir unidade nas ações dos diversos ramos de atividade econômica e apresentar soluções para problemas comuns. Além do segmento de comércio e serviços, a CUT também organiza os macrossetores indústria, serviço público, que já realizaram encontros e, até o final do ano, deve acontecer o do macrossetor rural.
Fundamental para a economia – Para Bastos, o principal problema do caminhoneiro é a falta de reconhecimento da importância da categoria para a economia. “O transporte é um dos principais fatores para a definição do preço dos alimentos. Se for mais organizado, com condições mais dignas para os trabalhadores, teremos também preços menores”, defende.
O dirigente ressalta ainda que há várias leis que beneficiam os caminhoneiros, mas, por falta de fiscalização, não são cumpridas. “Um exemplo é a carta-frete, espécie de vale que só pode ser gasto nos postos de gasolina. A lei determina que o pagamento seja feito em dinheiro ou depósito bancário, porque a carta-frete não favorece a comprovação de renda do trabalhador e não auxilia na economia”, observa.
O que pode parecer um problema simples, na prática, não é, porque a maior parte dos caminhoneiros não consegue mais um frete bom quando o caminhão tem mais de dez anos de uso. Para trocar o veículo, muitos trabalhadores utilizam o financiamento, que é atrelado à renda. Nesse momento, a carta-frete se torna um grande problema, pois não se transforma em recurso na conta do caminhoneiro.
Outros obstáculos –Secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, cita outras demandas levantadas pela categoria. “Queremos discutir, a partir deste seminário, a segurança dos trabalhadores, as concessões de rodovias, os altos pedágios e as condições de trabalho, porque é um setor completamente desregulado. No meio do ano passado, por exemplo, foi aprovada a Lei 12.619/09, que obriga o motorista de caminhão a um intervalo de 30 minutos de descanso a cada quatro horas e também descanso entre jornadas de 11 horas, mas muitos companheiros reclamam que não há lugar seguro que possam utilizar como parada”, explica.
Nobre ainda fala da importância de fortalecer os sindicatos para que possam garantir melhores condições de trabalho. “Com a pressão das empresas para que as mercadorias sejam entregues rapidamente, são os trabalhadores que acabam sofrendo, porque precisam cumprir o prazo, mesmo que seja humanamente impossível. Mas, para mudar essa realidade, é preciso que a categoria esteja organizada e lute em conjunto por questões como um piso mínimo para o frete. E o papel da CUT é ajudar nessa organização”, disse.