Por iniciativa do deputado estadual Teonílio Barba (PT), em parceria com diversas entidades sindicais, aconteceu nesta quinta-feira, 21, o seminário “O Futuro da Indústria Paulista”, que teve como objetivo debater a organização dos representantes da classe trabalhadora e da indústria em prol do fortalecimento e da retomada da reindustrialização em São Paulo.
Além de importantes apresentações sobre a atual situação da indústria paulista, o encontrou encaminhou a criação da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Paulista, a qual está sendo organizada pelo deputado Barba na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Além disso, os participantes defenderam a participação do movimento sindical no Conselho Estadual de Promoção da Reindustrialização do Estado de São Paulo, criado pelo governador Tarcísio de Freitas. Os sindicalistas indicaram o presidente da CUT SP, Raimundo Suzart, para representar os trabalhadores no órgão.
Barba destacou a importância dos encaminhamentos. “Já estamos coletando as assinaturas para implantação da frente, estamos preparando tudo. Agora, temos que lutar para convencer o governador a incorporar o nosso representante no conselho. Além disso, proponho que tenhamos um grupo de trabalho com todas as centrais sindicais para debater o modelo de indústria que queremos”, destacou ele.
O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), Erick Silva, apontou que os debates são essenciais e que é preciso uma política forte de fortalecimento industrial. “Nós temos proposta para indústria, fundamentalmente para indústria de capital nacional, da pequena e média indústria, que nós sabemos que é que mais emprega. É fundamental que tenhamos investimentos para que o setor industrial paulista volte a ser a potência que sempre foi”.
Debates
Durante toda a manhã, o debate em torno da indústria paulista trouxe importantes contribuições para entender o cenário atual e apontar os caminhos para o futuro. Um dos principais pontos destacados é a redução da importância do setor no estado.
A indústria, que representa mais de 77% das exportações no estado de SP e 22% dos empregos formais, tem sofrido com o encolhimento, o que acaba com a geração de empregos diretos e indiretos. Em 2010, por exemplo, a indústria de transformação paulista contribuía com 41,66% do valor adicionado nacional. Dez anos depois, em 2020, sua participação caiu para 36,66%.
“São Paulo é o coração da indústria brasileira e está perdendo espaço de forma acelerada”, afirmou Aroaldo Silva, presidente da IndustriALL Brasil, diretor do SindmetalABC e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC.
A depender do segmento industrial, um emprego na indústria é capaz de gerar cinco, seis, dez ou até 16 empregos indiretos, segundo o economista do Dieese, Fernando Lima: “É um fluxo tremendo de movimentação de pessoas, isso demonstra o quanto a indústria gera de empregos”.
Para Raimundo Suzart, presidente da CUT-SP, São Paulo não comporta mais indústrias acima de 1000 funcionários por causa da especulação imobiliária. Ele lembra da atual ameaça sob o Polo Petroquímico do Grande ABC, caso sejam construídas 10 torres de prédios nas imediações, o que obrigará as empresas do polo a deixarem a região.
Além disso, Raimundo chama a atenção para o impacto que as políticas de privatização terão no estado. “Os empresários reclamam do custo e eles precisam se alinhar com os trabalhadores e trabalhadoras. O governo do Estado de SP está baixando o plano de privatização da Sabesp, portanto, vai encarecer a água, como já aconteceu com o gás. Os empresários não estão percebendo nem participando dos plebiscitos que as centrais sindicais estão fazendo. Imagine em que condição esse trabalhador vai chegar ao trabalho com a privatização do metrô e da CPTM”, ressalta Suzart.
Financiamento
André Silva, da empresa Selco, esteve no evento apresentando o caso de sua indústria de compressores, 100% nacional, que têm investido em inovação graças aos recursos do programa 2030 da Finep. “Inovação é um investimento de longo prazo, pequenos e médios não investem por causa disso, daí a importância de programas de financiamento sem contrapartida definida”, diz ele. O caso da Selco é considerado um exemplo de indústria brasileira que valoriza, respeita e entende a importância de seus trabalhadores e da soberania nacional.
Thiago Miguez, economista do BNDES, explicou os motivos para a dificuldade de acesso ao crédito para pequenas e médias indústrias. “O crédito no BNDES é direcionado, pedimos às grandes empresas a lista de fornecedores para acompanhar até onde vai o dinheiro. Quando a gente apoia uma grande empresa está apoiando diretamente as pequenas e médias, o que tem um impacto grande no emprego pela extensão da cadeia”.