Notícia - Há 22 anos, Sindipetro Unificado formalizou a unidade que já ocorria na luta

A luta não começou há 22 anos. A própria unificação de três sindicatos de petroleiros do estado de São Paulo (Campinas, Mauá e São Paulo) começou muito antes. O dia 26 de agosto de 2002, na verdade, marcou a formalização de uma unidade forjada na luta, no chão de fábrica, nas greves e nas confraternizações, sejam elas regadas com conhaque ou com cachaça de cambuci.

Essa é a opinião de Carlos Cotia, nascido em Volta Redonda (RJ) e filho de operário da Companhia Siderúrgica Nacional, que se tornou petroleiro em 1973 ao ingressar na Refinaria de Capuava (Recap), em Mauá (SP).

“A unificação não é uma decisão de cúpula, nem de diretoria. A gente já tinha uma prática de se reunir sistematicamente. Tudo que a gente fazia era a partir de reuniões, que traçavam estratégias conjuntamente. Já havia uma unificação na luta. A base, inclusive, cobrava muito a unificação, ela já entendia a sua importância”, recorda Cotia.

JÁ HAVIA UMA UNIFICAÇÃO NA LUTA

A ideia da unificação era, de acordo com Cotia, fortalecer vários sindicatos pequenos em um instrumento com maior poder de mobilização. “Os sindicatos dos petroleiros sempre se organizaram por fábrica, o que nos diferencia dos demais. Na medida que você é um sindicato por fábrica, você é um sindicato menor, com uma estrutura menor”, explica Cotia.

Por representar trabalhadores de uma única empresa, a Petrobrás, os sindicatos cogitaram a ideia de unificação desde a década de 1960, de acordo com João Antônio de Moraes, petroleiro desde 1984 na Recap.

“O debate da unificação dos petroleiros é antigo. Antes do golpe militar, o Sindipetro de Cubatão já discutia a necessidade de se construir um sindicato único no estado de São Paulo. No nosso caso, é uma só empresa, a Petrobrás, e todos os trabalhadores concursados. É tudo muito parecido. Se você pegar um petroleiro do Rio Grande do Sul e outro do Rio Grande do Norte, a diferença vai ser o sotaque. Porque todos vivem uma só empresa”, opina Moraes.

A unificação, entretanto, não era defendida de maneira unânime dentro da direção dos sindicatos. Wilson Santarosa, petroleiro desde 1975 na Refinaria de Paulínia (Replan), a maior do país, era um dos que se colocavam contrários à proposta.

“A discussão inicial era realmente fazer um sindicato único do estado de São Paulo. Mas existia muita resistência do pessoal de Cubatão e do pessoal de São José dos Campos. Já que não unificava o estado todo, eu achava que não valeria a pena. Nós tínhamos três sindicatos pequenos, que eram Campinas, Mauá e São Paulo. Eu achava que a gente tinha três fanfarras, com muitos bumbos, que faziam muito barulho. E se unificasse, nós teríamos uma só, fazendo o mesmo barulho”, compara Santarosa.

Na época da unificação, inclusive, o histórico dirigente do Sindipetro Campinas elaborou outra metáfora, que se tornou piada com o passar dos anos. “A indicação era que o coordenador do Sindipetro Unificado seria de Mauá. E foi nessa hora que eu falei: ‘Vocês estão loucos, né?! Estão unindo um McDonald’s com um dogueiro e estão dando a direção para o dogueiro’. Eu era ferrenhamente contrário, inclusive por isso. Já que iria unificar, eu achava que a coordenação deveria ficar com Campinas. Na época ficaram bravos, mas depois virou brincadeira e, hoje, eu vejo que a unificação estava realmente correta”, aponta Santarosa.

Origens

A história dos sindicatos de petroleiros do estado de São Paulo estão todas entrelaçadas. Um dos fundadores do Sindipetro Campinas, por exemplo, conheceu a Petrobrás e o sindicalismo no Litoral Paulista. Jacó Bittar, falecido em maio deste ano, tornou-se operador na Fábrica de Fertilizantes de Cubatão em 1962. Em 1971, com a privatização da unidade, transferiu-se para a Refinaria de Paulínia (Replan), que seria inaugurada apenas no ano seguinte.

E foi justamente a convite de Jacó Bittar que o petroleiro Antônio Carlos Spis ingressou na diretoria do Sindipetro Campinas, em 1982. Logo no ano seguinte, ajudou a conduzir a primeira greve da categoria contra a ditadura militar.

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Fonte:  Guilherme Weimann - Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) / Foto: Kamá Ribeiro - 02/09/2024


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