Por decisão unânime da categoria reunida em assembleia nesta quinta (1º) pela manhã, a greve dos educadores da rede estadual continua. O clima que marcou o encontro foi de muita união e indignação. Os trabalhadores de Goiânia e interior tiveram a oportunidade de se manifestar contra as retaliações e desrespeitos da secretaria estadual de Educação.
Após rasgar o plano de carreira do professor e desvalorizar o do administrativo, o secretário estadual de Educação, Thiago Peixoto, mostra-se incapaz de estabelecer o diálogo com os representantes da categoria e, de forma arbitrária, cortou o salário dos educadores que lutam pela manutenção de direitos.
“Não é o corte de ponto que irá determinar a volta às salas de aula e sim a abertura das negociações com a apresentação de uma proposta para solucionar o impasse criado pela Seduc. Estamos em luta pela reconquista de direitos adquiridos e pela valorização dos administrativos. Vamos defender o nosso plano de carreira e a valorização profissional para todos”, afirmou na assembleia a presidente do Sintego, Iêda Leal.
Já os educadores demonstraram muita disposição à luta. “As nossas contas estão atrasadas, estão tentando nos humilhar, mas vamos continuar em luta por nossos direitos”, disse emocionada Lívia Maria Borges Calassa, professora de Português do colégio Bandeirantes de Goiânia.
O Sintego continuará insistindo para que haja a negociação com o governador do Estado, Marconi Perillo. A próxima assembleia geral já está agendada e vai ocorrer na próxima quinta-feira, dia 8.
Logo após a assembléia de hoje, os educadores fizeram uma grande passeata que percorreu as ruas de Goiânia, passou pela Assembléia Legislativa e Palácio Pedro Ludovico. Os trabalhadores em educação demonstraram a força de sua união aos representantes do poder público. Durante a caminhada, os educadores receberam manifestações de apoio da população.
Corte de ponto atingiu até quem estava de licença ou quem não aderiu à greve
Professores da rede estadual que estavam de licença médica ou cumprem funções administrativas – ou seja, que não estavam em sala de aula durante a greve deflagrada no dia 6 de fevereiro – também tiveram o ponto cortado pelo secretário estadual de Educação, Thiago Peixoto, que insiste na política de retaliação e perseguição a educadores que lutam pelo retorno de direitos usurpados durante as mudanças impostas pelo secretrário no plano de carreira da categoria no final do ano passado.
Um dos casos é o de uma professora de Planaltina, que esteve de licença maternidade até o dia 27 de fevereiro. Ela teve 16 dias cortados. O salário líquido, que girava em torno de R$ 2,3 mil, caiu para R$ 1,1 mil. Ela procurou o Sintego e apresentou o contracheque com os cortes e a documentação comprovando que estava de licença durante a greve. Ela pediu para não ser identificada neste texto por medo de novas represálias da Seduc.
O professor Edilson Ferreira, do colégio estadual Moisés Santana, em Silvânia, também teve o ponto cortado, apesar de desempenhar função administrativa na escola. Ele é o gerente da merenda escolar e perdeu 16 dias de salário. O prejuízo foi de mais de R$ 1,2 mil.
Já a professora Cíntia Miranda Bruning, do Pré-Universitário, em Goiânia, também teve 16 dias de trabalho cortados da folha de pagamento. A professora está no 8º mês de gravidez e por temer problemas com a licença caso aderisse ao movimento compareceu todos os dias na escola. “Além de mim, teve contratos temporários e quem estava em estágio probatório que também teve o ponto cortado, mesmo comparecendo à escola”, disse Cíntia.
A perseguição aos trabalhadores em educação tem sido uma característica da Seduc. Desde o início da greve, entretanto, Thiago passou a intensificar as ameaças e perseguições a educadores, culminando agora com o corte de ponto. Em nenhum momento, ele ofereceu uma saída para os trabalhadores, nenhuma solução para as reivindicações apresentadas pelo Sintego.
A incapacidade de Thiago em estabelecer um diálogo foi comentada inclusive por membros do governo que concordam com a necessidade de negociar uma solução para a indignação dos trabalhadores. A direção do Sintego, que espera por uma audiência com o governador Marconi Perillo ainda para esta semana, incluiu a revogação do corte de pontos na lista de reivindicações.
Fonte: Sintego
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02/03/2012
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